Bloomberg — As autoridades responsáveis pela fixação das taxas de juros do Banco da Inglaterra (BOE) podem ter um novo enigma ao buscarem sinais de que a inflação de serviços esfriou o suficiente para abrir a porta para cortes nas taxas de juros: como lidar com o efeito Taylor Swift.
Analistas alertam que os dez shows da pop star global no Reino Unido em junho podem ter dado um pequeno impulso à inflação de serviços por meio dos preços de hotéis e ingressos, diante da corrida de milhares de fãs para assisti-la presencialmente.
Muitas “Swifties” viajaram longas distâncias para ver a cantora e compositora, que fez shows em Edimburgo, Liverpool, Cardiff e Londres.
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Essas condições acarretam ao comitê de Política Monetária do Reino Unido uma avaliação extra ao decidir se cortará os custos dos empréstimos na próxima reunião em 1º de agosto.
Os traders veem uma chance de 50% de uma redução nas taxas de juros, mas os responsáveis pela decisão continuam cautelosos em relação à inflação dos serviços, que não diminuiu tão rapidamente quanto o banco central esperava.
Os economistas disseram que o BOE pode ter que ignorar um aumento temporário dos preços causado pela turnê da cantora ao tomar sua decisão.
“Tenho sido bastante cauteloso no que diz respeito à inflação dos serviços culturais e também à inflação dos restaurantes e hotéis”, disse Paul Dales, economista-chefe da Capital Economics para o Reino Unido, que espera que a inflação dos serviços permaneça em 5,7% na base anual. “Eu acrescentei um pouco de vantagem do que pode ser algum tipo de efeito Taylor Swift.”
Ele disse que o BOE deveria analisar o efeito Swift e "fazer julgamentos com base em tendências que não sejam essas".
Não é inédito que a turnê de um artista cause impacto nas estatísticas nacionais de um país.
No mês passado, os estatísticos da Suécia disseram que a chegada de Swift havia aumentado inesperadamente o núcleo da inflação pela primeira vez em mais de um ano, à medida que os fãs se aglomeravam em Estocolmo. A turnê de Beyoncé foi responsabilizada por um efeito semelhante no país no ano passado.
Robert Wood, economista-chefe para o Reino Unido na Pantheon Macroeconomics, aumentou sua previsão de preços de acomodação para um ganho mensal de 0,4%, porque os eventos de música ao vivo, incluindo a turnê de Taylor Swift, aumentam o risco de um número forte de serviços.
"Não se trata apenas de Taylor Swift, há muitos eventos de música ao vivo acontecendo. Ela seria um evento particularmente importante", disse ele. "O ponto principal é que ela tende a tocar em estádios enormes. Quem quer que seja que esteja enchendo um estádio com 80.000 pessoas, vai lotar um hotel."
Os preços dos ingressos de shows também podem ser uma fonte de risco de alta, uma vez que são contabilizados nos índices de inflação quando o evento de fato é realizado, e não quando os ingressos são comprados.
Mas há uma chance de que qualquer aumento nos preços dos hotéis em torno de algumas das datas da turnê tenha passado despercebido no processo de coleta de dados.
Embora os dados sobre ingressos sejam coletados durante todo o mês, os preços dos hotéis os são apenas em determinadas datas, o que significa que os estatísticos podem não ter percebido o efeito da turnê de Swift.
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Apenas uma das datas da turnê em junho - em Cardiff - coincidiu com um dia em que os economistas acreditam que o Office for National Statistics pode ter coletado dados sobre hotéis.
Lucas Krishan, estrategista macro da TD Securities, disse que espera que as passagens tenham um efeito maior sobre a inflação de serviços do que os custos de hotel, com aumento em até 3,5 pontos-base. Embora essa seja uma pequena pressão de alta, pode ser a diferença entre o arrefecimento da inflação de serviços ou a manutenção de uma alta persistente de 5,7% - o que complicaria os julgamentos do BOE.
Krishan disse que poderia haver um efeito maior sobre os hotéis em agosto, quando Swift voltar para fazer mais shows em Londres. Por outro lado, o tamanho de Londres significa que qualquer impacto de “Swifties” lotando hotéis poderia ser menor em tese.
“Londres é uma cidade grande, portanto, se houver um grande aumento nos preços dos hotéis, pode haver um impacto.”
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