Economia do México supera projeções do mercado e faz país despontar em LatAm

País cresce 3,3% na base anual beneficiado também pela força da economia americana e do processo conhecido como nearshoring; para o ano, FMI prevê 3,2%

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Bloomberg — A economia do México cresceu no terceiro trimestre mais do que os dados preliminares sugeriam, impulsionada pelo aumento das exportações para os Estados Unidos e pelos gastos dos consumidores.

Dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (24) mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu 1,1% no período de julho a setembro em relação ao trimestre anterior, acima da leitura inicial de 0,9% relatada no mês passado.

O número ficou acima também de todas as estimativas em uma pesquisa da Bloomberg com economistas, que apontavam uma previsão mediana de 0,8%. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o PIB cresceu 3,3%, acima da projeção de 3,2%.

Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizadas em outubro, o México deve crescer 3,2% neste ano e 2,1% em 2024, acima do Brasil, maior economia da região, cuja alta do PIB deve ficar e, 3,1% e 1,5%, respectivamente.

A segunda maior economia da América Latina tem se beneficiado da força do mercado dos EUA e dos investimentos de empresas em operações que atendem ao vizinho do norte do México - um processo conhecido como nearshoring.

A demanda do consumidor e um mercado de trabalho robusto ajudaram a impulsionar o crescimento. O presidente Andrés Manuel López Obrador também corre para concluir uma série de projetos, incluindo um trem pela região sudeste do país, antes do término de seu mandato no próximo ano.

“Parece que a economia ainda está em muito boa forma”, disse Marco Oviedo, estrategista da XP Investimentos, acrescentando que pode elevar sua estimativa de crescimento do PIB para o quarto trimestre. “Sabíamos que a produção industrial se expandiu, mas os serviços também aceleraram.”

A agricultura cresceu 2,6% no trimestre, enquanto a manufatura ganhou 1,3% no período e os serviços aumentaram 0,9%, de acordo com a agência de estatísticas. A construção foi um dos principais impulsionadores da revisão para cima.

“Foi um número muito bom com contribuições sólidas dos serviços e do setor secundário, especialmente a construção”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina no Goldman Sachs. Ele disse que a leitura indica que a lacuna de produção da economia, uma variável relevante para a política monetária, estava “ainda mais positiva” do que o previsto.

Em uma divulgação separada na sexta-feira, a atividade econômica aumentou 0,6% no mês de setembro, três vezes a estimativa mediana de 0,2%, mostrando uma expansão forte no final do trimestre.

No entanto espera-se que os custos de empréstimos de dois dígitos e o declínio nos gastos do governo comecem a pesar sobre o crescimento. Economistas na última pesquisa da Citibanamex veem o PIB do México se expandindo 3,4% neste ano e 2,1% em 2024.

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