Bloomberg — O governo de Javier Milei não irá suspender imediatamente os controles cambiais após assumir o cargo em 10 de dezembro, mantendo a dolarização como um objetivo de médio prazo para a Argentina, afirmou um membro-chave da equipe do presidente eleito a banqueiros na sexta-feira (25), de acordo com duas fontes familiarizadas com a conversa ouvidas pela Bloomberg News.
Luis Caputo, que lidera a equipe econômica de Milei durante a transição, informou executivos do setor bancário em Buenos Aires que o foco do novo governo será atingir um superávit fiscal em 2024, disseram as fontes, pedindo para não serem identificadas ao discutir conversas privadas.
A reunião, na qual o veterano de Wall Street apresentou as principais linhas do plano econômico de Milei, incluiu cerca de 30 pessoas entre assessores e executivos de bancos, acrescentaram.
Caputo também delineou a estratégia de Milei para os títulos emitidos pelo Banco Central conhecidos como Leliqs, usados para absorver pesos da economia, afirmando que o novo governo tentará desfazê-los por meio de uma troca voluntária que não incluirá medidas obrigatórias, segundo as mesmas fontes.
Os bancos argentinos estão atualmente evitando os Leliqs de seus balanços após o presidente eleito chamá-los de “um problema” sem dar detalhes sobre seus planos para os instrumentos.
Um porta-voz de Milei se recusou a comentar.
Os comentários de Caputo parecem confirmar que Milei tem se afastado de assessores que defendiam suas promessas de campanha mais radicais, incluindo a eliminação do peso e o fechamento do Banco Central.
Milei se distanciou de seu guru da dolarização, Emilio Ocampo, e na sexta-feira outro assessor linha-dura desde o início da campanha, Carlos Rodriguez, anunciou na rede social X (ex-Twitter) que também não faria parte do governo.
Investidores, que receberam bem a vitória de Milei na eleição presidencial de 19 de novembro, continuaram impulsionando os ativos argentinos à medida que o presidente eleito mostra sinais de moderação.
Um porta-voz da câmara bancária da Argentina, Adeba, disse à Bloomberg News que a reunião foi “muito positiva” e trouxe uma “abordagem amigável ao mercado para a dívida do banco central.”
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