Bloomberg — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, está tornando a vida de seus pares ao redor do mundo mais difícil, já que a perspectiva de taxas de juros mais altas e por mais tempo nos Estados Unidos reduz o espaço para políticas monetárias mais flexíveis em outros lugares.
Powell sinalizou na terça-feira (16) que o Fed esperará mais tempo do que previsto anteriormente para cortar as taxas, após uma série de dados de inflação fortemente altos – marcando uma mudança significativa em relação à sua sinalização de dezembro.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano atingiram máximas do ano até o momento e o dólar se fortaleceu.
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Para os chefes de bancos centrais reunidos em Washington para as reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, a mais recente mudança de direção de Powell cria um dilema.
Se instituições como o Banco Central Europeu (BCE), o Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco da Reserva da Austrália (RBA) embarcarem em seus próprios ciclos de flexibilização, isso pode reduzir o valor de suas moedas – aumentando os preços de importação e minando o progresso na redução da inflação.
Mas não adotar medidas de flexibilização monetária poderia comprometer o crescimento.
“O risco é que, quanto mais vermos esses grandes bancos centrais esperando para cortar as taxas, maior o risco para a economia subjacente,” disse Lucy Baldwin, chefe global de research do Citigroup (C), à Bloomberg TV.
Para alguns formuladores de políticas monetárias, as consequências cambiais já estão evidentes. A queda do iene para mínimas de 33 anos pode obrigar o líder do Banco do Japão, Kazuo Ueda, a seguir sua saída histórica das configurações abaixo de zero com outro aumento dos juros, alertam os economistas.
Na China, a porta pode ter se fechado para uma redução das taxas com a pressão sobre o yuan aumentando novamente.
Quanto aos mercados emergentes, a vida se torna mais difícil a cada aumento no dólar. O Banco da Indonésia já teve que aumentar as taxas em outubro após um longo período de fraqueza da moeda.
Com a rupia enfraquecendo além de 16.000 pela primeira vez em quatro anos, pode ser necessário fazê-lo novamente. Para países da Malásia ao Vietnã, os economistas agora esperam menos cortes de juros.
No Brasil, a incerteza sobre quando começará o ciclo de cortes de juros somada à incerteza fiscal levou o dólar a tocar quase os R$ 5,30 na terça. Neste contexto, os investidores têm revisado suas projeções de cortes da Selic e o mercado vê agora maiores chances de o Banco Central parar de cortar juros em junho.
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