Do Brasil à China: o dilema que Jerome Powell cria para os bancos centrais

Presidente do Fed disse na terça (16) que deve levar mais tempo para cortar os juros nos EUA, uma mudança em relação à sua sinalização de dezembro

Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse na terça (16) que pode manter juros elevados por mais tempo nos EUA
Por Malcolm Scott - Tania Chen - Swati Pandey
17 de Abril, 2024 | 11:40 AM

Bloomberg — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, está tornando a vida de seus pares ao redor do mundo mais difícil, já que a perspectiva de taxas de juros mais altas e por mais tempo nos Estados Unidos reduz o espaço para políticas monetárias mais flexíveis em outros lugares.

Powell sinalizou na terça-feira (16) que o Fed esperará mais tempo do que previsto anteriormente para cortar as taxas, após uma série de dados de inflação fortemente altos – marcando uma mudança significativa em relação à sua sinalização de dezembro.

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Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano atingiram máximas do ano até o momento e o dólar se fortaleceu.

Leia mais: Powell diz que deve levar mais tempo para o Fed iniciar corte de juros

Para os chefes de bancos centrais reunidos em Washington para as reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, a mais recente mudança de direção de Powell cria um dilema.

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Se instituições como o Banco Central Europeu (BCE), o Banco da Inglaterra (BoE) e o Banco da Reserva da Austrália (RBA) embarcarem em seus próprios ciclos de flexibilização, isso pode reduzir o valor de suas moedas – aumentando os preços de importação e minando o progresso na redução da inflação.

Mas não adotar medidas de flexibilização monetária poderia comprometer o crescimento.

“O risco é que, quanto mais vermos esses grandes bancos centrais esperando para cortar as taxas, maior o risco para a economia subjacente,” disse Lucy Baldwin, chefe global de research do Citigroup (C), à Bloomberg TV.

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Para alguns formuladores de políticas monetárias, as consequências cambiais já estão evidentes. A queda do iene para mínimas de 33 anos pode obrigar o líder do Banco do Japão, Kazuo Ueda, a seguir sua saída histórica das configurações abaixo de zero com outro aumento dos juros, alertam os economistas.

Na China, a porta pode ter se fechado para uma redução das taxas com a pressão sobre o yuan aumentando novamente.

Quanto aos mercados emergentes, a vida se torna mais difícil a cada aumento no dólar. O Banco da Indonésia já teve que aumentar as taxas em outubro após um longo período de fraqueza da moeda.

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Com a rupia enfraquecendo além de 16.000 pela primeira vez em quatro anos, pode ser necessário fazê-lo novamente. Para países da Malásia ao Vietnã, os economistas agora esperam menos cortes de juros.

No Brasil, a incerteza sobre quando começará o ciclo de cortes de juros somada à incerteza fiscal levou o dólar a tocar quase os R$ 5,30 na terça. Neste contexto, os investidores têm revisado suas projeções de cortes da Selic e o mercado vê agora maiores chances de o Banco Central parar de cortar juros em junho.

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