Bloomberg — Agora que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, deixou bem claro que haverá corte de juros no mês que vem, o mercado se concentra em apostar no tamanho da primeira redução e na trajetória da flexibilização monetária.
Na sexta-feira (23), durante o simpósio anual do banco central americano em Jackson Hole, no estado de Wyoming, Powell disse que “chegou a hora” de o Fed reduzir sua taxa básica, seu sinal mais claro até agora de que os tão esperados cortes de juros nos Estados Unidos são iminentes.
Embora o presidente do Fed não tenha dado nenhuma indicação sobre o tamanho dos cortes ou a trajetória de flexibilização, suas palavras foram suficientes para derrubar os rendimentos que os investidores exigem para comprar títulos do Tesouro americano.
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“Os mercados precisam digerir esse discurso” e lembrar da dependência dos dados, disse Jack McIntyre, gestor da Brandywine Global Investment Management. Apesar do tom dovish [isto é, favorável a juros mais baixos] de Powell, “agora os dados têm que dar suporte a isso”.
Na sexta-feira, a taxa sobre o Treasury de 10 anos caiu 5 pontos-base para 3,8%, com queda de 8 pontos-base na semana. À medida que os compradores exigem rendimentos menores, as notas se apreciam e quem detém os títulos em carteira ganha.
Os retornos das carteiras de Treasuries subiram 1,8% no mês até sexta-feira, segundo um índice da Bloomberg.
Os títulos caminham para o quarto mês consecutivo de valorização – e queda dos yields. É a sequência mais longa de retornos positivos para as carteiras de Treasuries em três anos.
Powell disse que “o rumo é claro”, mas que “o momento e o ritmo dos cortes de juros dependerão dos dados, da evolução das perspectivas e do balanço de riscos”.
Isso significa que, para setembro, ainda há um “debate em aberto” sobre se a redução será de 0,25 ou 0,50 ponto percentual, disse John Velis, estrategista de câmbio do BNY Mellon.
Os comentários de Powell dão imensa importância ao próximo relatório mensal sobre o mercado de trabalho dos EUA, que será divulgado em 6 de setembro. Os dados de empregos mais recentes foram mais fracos do que o esperado e, se o próximo seguir essa tendência, “então 50 pontos-base podem entrar em cena”, disse Velis.
Os juros futuros nos EUA precificam uma redução total de cerca de 1 ponto percentual até o final do ano. Com apenas três reuniões do Fed até lá, isso sugere a expectativa de que um dos cortes será de 0,50 ponto percentual.
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