Desempenho de Biden em debate com Trump amplia dúvidas sobre busca pela reeleição

Declarações do presidente dos EUA foram pontuadas por erros, falas repetidas e demora prolongada para responder questões, o que alimentou preocupações com sua saúde mental

US President Joe Biden during the first presidential debate with former US President Donald Trump, not pictured, in Atlanta, Georgia, US, on Thursday, June 27, 2024. Biden and Trump are facing off for their first 2024 debate, a high-stakes opportunity to break through to politics-weary Americans and one that holds the potential for disastrous missteps. Photographer: Eva Marie Uzcategui/Bloomberg
Por Josh Wingrove - Stephanie Lai - Skylar Woodhouse
28 de Junho, 2024 | 09:17 AM

Bloomberg — O presidente americano Joe Biden se atrapalhou em trocas de palavras no debate presidencial de quinta-feira (27) à noite, em um desempenho que aumentou as preocupações sobre seus 81 anos de idade e levou colegas do Partido Democrata a questionar a capacidade do candidato de derrotar o republicano Donald Trump na eleição de novembro.

O discurso do presidente foi pontuado por erros, falas repetidas, tosse, frases erradas e uma demora prolongada para responder questões, o que alimentou as preocupações com o condicionamento físico e mental e a perspicácia de Biden.

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Ele confundiu números importantes, como a quantidade de novos empregos criados sob seu governo, bem como de limites para os custos de medicamentos e insulina – que são pilares fundamentais de sua candidatura à reeleição.

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O desempenho instável ameaça ferir a campanha de Biden, que já está cambaleando, o que alimenta os ataques republicanos de que, aos 81 anos e sete meses de idade, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos não está apto a cumprir outro mandato de quatro anos - Trump tem 78 anos.

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Trump buscou capitalizar em cima dos erros de Biden e atacou seu oponente durante uma discussão sobre imigração. ”Eu realmente não entendi o que ele disse sobre isso, e acho que ele também não”, disse Trump.

Biden está se recuperando de um resfriado, o que pode ter contribuído para sua atuação, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.

Dúvidas sobre reeleição

O desempenho de Trump, contudo, tampouco foi isento de erros.

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Questionado sobre os americanos que lutam contra o vício em opioides, o ex-presidente falou sobre imigração e a detenção de um repórter do Wall Street Journal pela Rússia.

Ele reivindicou erroneamente o crédito por um limite nos preços das insulinas do Medicare, afirmou que os manifestantes do dia 6 de janeiro de 2021 teriam sido convidados pela polícia a entrar no Capitólio e afirmou que nunca teve relações sexuais com uma estrela pornô – um elemento central de seu julgamento.

Ele também se esquivou de forma repetida e desajeitada das perguntas sobre se respeitaria os resultados da eleição caso seja derrotado.

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Mais tarde no debate, quando questionado sobre as preocupações com a idade, Biden respondeu: “Esse senhor é três anos mais jovem e muito menos competente”. “Veja o histórico. Veja o que eu fiz”, acrescentou.

Mas Biden se desviou de uma estratégia programada sobre as afirmações exageradas de Trump sobre sua altura e peso, e caiu em uma discussão longa e confusa sobre sua pouca habilidade no golfe.

"Não vamos agir como crianças", retrucou Trump.

Pauta econômica

Os candidatos iniciaram o primeiro debate presidencial discutindo sobre a economia, em que cada um culpou o outro pelo aumento do custo dos alimentos e de moradia.

Os eleitores classificaram a economia como uma das questões decisivas da campanha. As pesquisas mostram que os eleitores estão céticos em relação ao histórico de Biden, apesar do sólido crescimento do emprego e dos investimentos em manufatura e infraestrutura, já que a inflação elevada tem causado estragos para as famílias dos EUA.

“Tínhamos uma economia que estava em queda livre. A pandemia foi muito mal administrada”, disse Biden, apontando o dedo para o histórico do ex-presidente. “O que tínhamos de fazer era tentar recompor as coisas, e foi exatamente isso o que começamos a fazer.”

Trump defendeu seus cortes de impostos, que devem expirar no próximo ano, dizendo que eles abriram caminho para um boom no mercado de ações.

“Eu dei a vocês o maior corte de impostos da história. Também dei o maior corte regulatório da história”, disse Trump.

O dólar subiu em relação aos seus pares mais importantes enquanto os candidatos trocavam farpas, com o peso mexicano e o iene japonês entre as moedas globais enfraquecidas. O indicador da Bloomberg para o dólar subiu para novas máximas no ano.

“As moedas estão reagindo ao debate presidencial dos EUA”, disse Carol Kong, estrategista do Commonwealth Bank of Australia. A julgar pelas reações até agora, os mercados acham que o presidente Trump está ‘vencendo’ o debate. Mas ainda é cedo para tirar essa conclusão.”

Durante a discussão sobre a economia, Biden disse que 15.000 empregos foram criados durante sua presidência, em vez de 15 milhões, que alguns idosos agora têm um limite anual de US$ 200 para os preços dos medicamentos, em vez de US$ 2.000, e disse incorretamente que alguns americanos ricos eram trilionários.

“Ele não está preparado para ser presidente. Você sabe disso e eu também”, disse Trump durante o debate.

Invasão do Capitólio

Trump procurou contornar a questão da invasão do Capitólio e, em vez disso, se concentrou em falar sobre a força do país na época.

"Eu não tinha praticamente nada para fazer, eles me pediram para fazer um discurso", disse Trump.

Biden observou que Trump não fez nada para intervir quando seus apoiadores estavam invadindo o prédio.

Em outos comentários, Trump fez uma série de promessas grandiosas, dizendo que “resolveria” a guerra na Ucrânia antes de assumir o cargo, depois de uma promessa feita anteriormente de que um repórter do Wall Street Journal detido pela Rússia seria libertado se ele ganhasse a eleição.

Problemas legais

No meio do debate, Biden começou a atacar Trump por causa de seus problemas legais, uma situação sem precedentes em uma eleição nos EUA. Trump é o primeiro ex-presidente condenado por um crime e enfrenta mais três acusações criminais.

"A única pessoa neste palco que é um criminoso condenado é o homem para quem estou olhando agora", disse Biden.

Trump foi considerado culpado por um júri de Manhattan por falsificar registros comerciais para ocultar um pagamento a uma artista pornô e aguarda a sentença.

Biden citou diretamente o pagamento de Trump à atriz Stormy Daniels, acusando o ex-presidente de “fazer sexo com uma estrela pornô enquanto sua esposa estava grávida”.

Trump também rebateu Biden por mencionar sua condenação, observando que o filho do presidente, Hunter Biden, também é culpado de um crime, no caso dele por obter ilegalmente uma arma de fogo enquanto era viciado em drogas.

Trump continuou dizendo, sem fornecer qualquer evidência, que o próprio Biden enfrentaria um processo judicial.

Restrições ao aborto

Mais tarde no debate, os dois discutiram sobre o aborto, outra questão decisiva na campanha, com Biden chamando o papel de Trump na onda de restrições ao procedimento de “algo terrível”.

Trump nomeou três dos juízes da Suprema Corte que ajudaram a derrubar as proteções federais ao aborto do caso Roe v. Wade. Ele disse que a decisão do tribunal havia deixado a questão do aborto para os eleitores nos estados.

Biden encontrou sua posição mais tarde ao discutir o atendimento aos veteranos, atacando Trump por comentários chamando soldados americanos mortos de “otários” e “perdedores”.

Trump rebateu, negando a citação e dizendo que Biden deveria se desculpar. Biden tirou sarro disso, dizendo que ele “fez mais pelos veteranos do que qualquer presidente na história dos EUA”.

Guerra Israel-Hamas

Durante uma discussão sobre a guerra de Israel contra o Hamas, Biden andou na “corda bamba. O presidente procurou enfatizar seu apoio a Israel na sequência do ataque de 7 de outubro pelo Hamas, designado como grupo terrorista pelos EUA e pela União Europeia, e sua pressão por mais contenção nas operações militares israelenses em Gaza.

A campanha de Israel para erradicar o Hamas provocou uma crise humanitária e dividiu os democratas, desencadeando críticas sobre a maneira como Biden lidou com a guerra por parte dos jovens eleitores e dos progressistas, partes fundamentais da coalizão eleitoral do partido.

Não se pode permitir que o Hamas continue, disse Biden.

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Trump disse que Israel deveria ter permissão para "terminar o trabalho". Ele também deu um tom mais isolacionista na política externa, pedindo a Biden que exija que os aliados da OTAN na Europa contribuam mais para a defesa.

"Ele se tornou como um palestino, mas eles não gostam dele porque ele é um palestino muito ruim, ele é um palestino fraco", disse Trump.

Biden respondeu: “Nunca ouvi tanta besteira”.

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