Deflação anual na China volta a acender sinal de alerta sobre demanda mais fraca

Índice ao consumidor caiu 0,7% em fevereiro na base anual sob impacto de fatores sazonais, com o núcleo, que exclui itens mais voláteis, em sua primeira queda desde 2021

Painel eletrônico em Pequim traz informações sobre o Congresso Nacional do Povo na semana que passou (Foto: NaBian/Bloomberg)
Por Bloomberg News
09 de Março, 2025 | 10:09 AM

Bloomberg — A inflação ao consumidor na China caiu muito mais do que o esperado em fevereiro, ficando abaixo de zero pela primeira vez em 13 meses. Foi um resultado sob influência de fatores sazonais, mas também um sinal de que as pressões deflacionárias persistem na segunda maior economia do mundo.

O índice de preços ao consumidor caiu 0,7% em fevereiro em relação ao ano anterior, informou o National Bureau of Statistics neste domingo (9), em comparação com um ganho de 0,5% no mês anterior.

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Esse resultado foi inferior a todas as previsões, exceto uma, em uma pesquisa da Bloomberg com analistas, cuja estimativa mediana era a de uma queda de 0,4%.

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Mesmo quando ajustada pelo efeito de um feriado do Ano Novo Lunar mais cedo do que o habitual, a inflação ao consumidor desacelerou para um dos níveis mais fracos em meses, de acordo com o Goldman Sachs.

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Um declínio nos preços de serviços, combinado com uma rara leitura negativa para o núcleo da inflação, foi um dos sintomas do consumo lento.

O núcleo do IPC da China, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, diminuiu pela primeira vez desde 2021, com uma queda de 0,1% - apenas a segunda vez que o indicador se contraiu em mais de 15 anos. A deflação de fábrica, no índice de preços aos produtores, se estendeu pelo 29º mês seguido.

“A economia da China ainda enfrenta pressão deflacionária”, disse Zhiwei Zhang, presidente e economista-chefe da Pinpoint Asset Management. “A demanda interna continua fraca.”

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Preços aos produtores estão em queda há 29 meses seguidos na China

O departamento de estatísticas disse que um fator-chave para o declínio da inflação foi o efeito de uma base elevada do ano anterior, criada por preços elevados causados pelos gastos durante o Ano Novo Lunar.

O festival é um feriado móvel que caiu inteiramente em fevereiro de 2024, mas foi realizado de 28 de janeiro a 4 de fevereiro neste ano.

Ao levar em conta a sazonalidade, o instituto de estatísticas estima que a inflação ao consumidor na verdade aumentou 0,1% em relação ao ano anterior em fevereiro, de acordo com um comunicado publicado no domingo.

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Os economistas do Goldman estimam que o feriado anterior reduziu a inflação do IPC em 0,7 ponto percentual em fevereiro em relação ao ano anterior.

Uma leitura mais clara da trajetória da inflação da China surgirá em março, com investidores em busca de sinais de que o estímulo do governo está se traduzindo em uma demanda interna mais forte.

O país está no caminho para a mais longa série de quedas de preços em toda a economia desde a década de 1960, como resultado de gastos fracos, enquanto o colapso do setor imobiliário ainda não chegou ao fim.

A China estabeleceu sua meta de inflação no nível mais baixo em mais de 20 anos e agora pretende levar o crescimento dos preços ao consumidor para cerca de 2% em 2025 - abaixo da meta anterior de 3%.

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Esse é um sinal de que os principais líderes estão finalmente reconhecendo as pressões deflacionárias que pesam sobre a segunda maior economia do mundo, com a inflação ao consumidor presa em apenas 0,2% nos últimos dois anos.

O que diz a Bloomberg Economics

“Os dados de preços de fevereiro da China, mais fracos do que o esperado, destacam a demanda frouxa e a necessidade urgente de os formuladores de políticas cumprirem rapidamente o estímulo prometido. Sem um forte impulso das políticas fiscal e monetária, as pressões deflacionárias continuarão a pesar sobre a economia.”

- David Qu, economista.

Meta de 5% de crescimento

A urgência aumentou para que o governo reflita o estágio da economia.

Na sessão anual do parlamento na última quarta-feira (5), a China anunciou uma meta ambiciosa de crescimento econômico de cerca de 5% para 2025, apesar da ameaça de uma guerra comercial cada vez mais intensa com os EUA. Pequim também apresentou planos para aumentar o estímulo fiscal e o consumo interno.

Ainda assim, os cálculos da Bloomberg, com base nas estimativas de déficit da China, mostram que o crescimento econômico nominal deve ficar em torno de 5% neste ano, correspondendo à meta de Pequim ajustada pela inflação. A perspectiva sugere que as autoridades preveem pouca ou nenhuma inflação geral.

-- Com a colaboraçnao de Yujing Liu, Tian Ying e James Mayger.

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