Bloomberg — A aeronave Embraer 190 da Azerbaijan Airlines teria sido danificada pelos sistemas de defesa aérea russos perto de Grozny antes de cair no Cazaquistão durante uma tentativa de pouso de emergência, de acordo com o site da agência de notícias Caliber, apoiado pelo governo do Azerbaijão.
O avião foi atingido pela defesa aérea russa quando se aproximava de Grozny, Chenchnya, disse o Caliber, citando autoridades governamentais não identificadas.
Como resultado do uso de sistemas de guerra eletrônica pelos russos, o sistema de comunicação da aeronave foi completamente paralisado, informou o site de notícias apoiado pelo Estado.
O gabinete presidencial do Azerbaijão e o Ministério das Relações Exteriores do país não forneceram um comentário imediato quando contatados por telefone pela Bloomberg News.
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O Ministério da Defesa da Rússia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Nesta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar o relatório do Caliber. Ele havia pedido a todas as partes que aguardassem o final da investigação em vez de especular sobre a causa do acidente, informou a Interfax anteriormente.
A aeronave transportava 62 passageiros e cinco tripulantes de Baku, capital do Azerbaijão, para Grozny, quando mudou de rota para fazer um pouso de emergência no Cazaquistão, informou a companhia aérea estatal do Azerbaijão em um comunicado na quarta-feira.
O avião caiu a cerca de 3 quilômetros (1,9 milhas) de Aktau, no Cazaquistão.
As autoridades do Cazaquistão disseram que uma equipe de resgate recuperou 38 corpos no local do acidente, enquanto os esforços de limpeza continuam.
Cerca de 29 pessoas sobreviveram ao acidente e estão no hospital, informou o Ministério de Situações de Emergência do Cazaquistão na quinta-feira. As equipes de resgate também recuperaram os gravadores de voo, o que deve ajudar a determinar a causa do acidente.
Representantes da Embraer e da agência brasileira de investigação e prevenção de acidentes aéreos, o Cenipa, viajaram para o Cazaquistão, disseram as autoridades brasileiras.
A fabricante de aviões disse na quarta-feira que estava acompanhando a situação e que está concentrada em apoiar as autoridades.
O voo havia sido inicialmente desviado para Makhachkala, na costa russa do Mar Cáspio, por causa da neblina, e depois para Aktau, de acordo com o serviço de notícias Tass. A cidade do Cazaquistão fica a cerca de 310 quilômetros a leste de Makhachkala, do outro lado do mar.
Também nesta quinta-feira (26), o Wall Street Journal relatou alegações da Ucrânia e dos consultores de segurança da aviação Osprey de que o avião poderia ter sido danificado pelos sistemas antimísseis russos. Tanto Grozny quanto Makhachkala já haviam sido alvos dos drones ucranianos.
Se confirmado, o ataque em pleno ar por um míssil teria semelhanças com a queda do voo 17 da Malaysia Airlines sobre o leste da Ucrânia em 2014, que matou todas as 298 pessoas a bordo.
Na época, os investigadores estabeleceram que um míssil russo havia sido disparado contra o avião de passageiros Boeing 777 enquanto ele atravessava o espaço aéreo ucraniano, uma conclusão que a Rússia contestou.
Na quinta-feira, a Azerbaijan Airlines se recusou a comentar as especulações sobre a causa do acidente.
“Uma investigação detalhada está em andamento no momento”, disse o presidente da Azerbaijan Airlines, Samir Rzayev, a repórteres em Baku na quinta-feira. O avião Embraer 190 passou por uma inspeção técnica completa em outubro e não apresentou problemas técnicos, disse Rzayev.
A companhia aérea também disse que suspendeu os voos para Grozny e Makhachkala até que a investigação seja concluída, sem entrar em detalhes.
“É altamente incomum que uma companhia aérea feche todos os seus voos para a região. Isso indica que eles podem suspeitar que todo o espaço aéreo naquela região não é seguro”, disse um piloto e especialista em aviação independente baseado em Moscou, Andrei Litvinov.
-- Com a colaboração de Jason Kao.
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