Crítico do desequilíbrio fiscal: o principal economista de Trump na Casa Branca

Stephen Miran, que vai liderar o Conselho de Consultores Econômicos, alertou para a dinâmica de aumento da dívida americana e foi crítico da Lei de Redução de Inflação do governo Biden

Por

Bloomberg — O presidente eleito Donald Trump nomeou Stephen Miran para liderar seu Conselho de Consultores Econômicos, um ex-funcionário do Tesouro que atuou em Washington durante seu primeiro governo.

“Steve trabalhará com o restante da minha equipe econômica para realizar uma grande expansão econômica que eleve todos os americanos”, disse Trump em uma declaração no último domingo (22) em sua plataforma Truth Social.

Como principal economista da Casa Branca, Miran deverá aconselhar Trump sobre políticas e ser um rosto proeminente para vender essas decisões ao público.

Miran, cujo cargo requer confirmação do Senado, foi assessor sênior de política econômica no Departamento do Tesouro, liderado por Steven Mnuchin, durante o primeiro mandato de Trump.

Leia mais: Novo chefe da economia dos EUA foi discípulo de Soros e é chamado de ‘falcão fiscal’

Em artigos e análises nos últimos anos, Miran criticou uma das principais iniciativas do governo de Joe Biden, a Lei de Redução de Inflação de 2022, sustentando a visão de que o projeto teria efeitos contrários ao desejado e prejudicaria os negócios com mais regulação, impostos e burocracia.

Ele tem sido crítico também da dinâmica de aumento de gastos do governo americano e de trajetória de elevação da dívida pública. E chamou de merecido o downgrade da dívida soberana pela agência Fitch em agosto de 2023, ainda que tenha ponderado que a chance de um default inexiste dada a capacidade dos EUA de imprimir dólares para honrar seus compromissos.

Na ocasião, alertou que essa dinâmica levará a um aumento cada vez maior dos gastos com juros da dívida, em vez de despesas inerentes ao mandato da administração federal. E defendeu que sejam feitos ajustes estruturais em programas de Seguridade Social e de saúde, em vez de cortes em despesas discricionárias - um quadro que remete ao enfrentado há muitos anos pelo Brasil.

Miran, membro do Manhattan Institute, com sede em Nova York, foi coautor de um artigo com o economista Nouriel Roubini em julho que alegava que o Departamento do Tesouro teria manipulado a emissão de títulos dos EUA de forma a reduzir os custos reais de empréstimos em toda a economia.

Leia mais: Trump escolhe veterano de Wall St para atuar como ‘czar das tarifas comerciais’

O artigo, publicado pela Hudson Bay Capital, ecoou uma linha de ataque de alguns políticos republicanos, que acusaram a secretária do Tesouro, Janet Yellen, de manipular os leilões de dívida dos EUA para estimular a economia e ajudar o presidente Joe Biden.

Yellen rejeitou a alegação de Roubini e Miran. Em uma entrevista à Bloomberg News, ela disse que “não existia tal estratégia”, acrescentando: “Nunca, jamais, discutimos qualquer coisa desse tipo”.

Miran disse em um post na mídia social no domingo que espera “trabalhar para ajudar a implementar a agenda política do presidente para criar uma economia em expansão e não inflacionária que traga prosperidade a todos os americanos”.

Trump prometeu renovar os cortes de impostos que estão para expirar em 2025 e expandir ou oferecer novos benefícios ou créditos, em parte para aliviar os altos preços enfrentados pelas famílias dos EUA.

Ele ameaçou impor tarifas abrangentes a parceiros comerciais estrangeiros, como China, Canadá e México, com a promessa de que isso estimulará empresas a voltarem a fabricar nos EUA.

O presidente eleito rejeitou as críticas da maioria dos economistas de que sua agenda, que inclui as promessas de deportar milhões de imigrantes sem documentos, corre o risco de aumentar os preços para os consumidores e expandir a dívida nacional dos EUA.

Leia mais: Vantagem dos EUA sobre o mundo vai se ampliar, diz head de estratégia do J.P. Morgan

As preocupações econômicas e a inflação foram consistentemente classificadas como as principais preocupações dos eleitores antes da eleição de 5 de novembro, na qual Trump ganhou um segundo mandato e os republicanos obtiveram o controle de ambas as casas do Congresso.

Durante o primeiro mandato de Trump, o cargo de presidente do Conselho de Consultores Econômicos foi ocupado por Kevin Hassett, seguido por Tomas Philipson e Tyler Goodspeed, ambos em caráter interino.

Hassett era uma presença constante na televisão na defesa das políticas econômicas do presidente. Defensor das políticas fiscais de Trump, Hassett deve retornar à Casa Branca depois que o presidente eleito o escolheu em novembro para chefiar seu Conselho Econômico Nacional no segundo mandato.

- Com informações da Bloomberg Línea.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Como o Departamento de Eficiência, liderado por Musk, pode ter um impacto positivo

Quem é a arquiteta da vitória de Trump que foi sua primeira nomeação ao governo