Consumo impulsiona a economia americana, apontam dados revisados do PIB

Produto Interno Bruto cresceu a uma taxa anualizada revisada para cima de 3,4% no quarto trimestre, impulsionado por uma demanda doméstica mais forte e investimentos empresariais

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Bloomberg — As duas principais medidas de atividade econômica dos Estados Unidos registraram avanços sólidos no final do ano passado, indicando uma economia que ainda se expande a um ritmo saudável.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa anualizada revisada para cima de 3,4% no quarto trimestre, impulsionado por uma demanda doméstica mais forte e investimentos empresariais, de acordo com a terceira estimativa das cifras da agência de estatísticas do país, divulgada nesta quinta-feira (28).

A outra principal medida de atividade econômica do governo — a Renda Nacional Bruta (GDI, na sigla em inglês) — aumentou 4,8%, o maior avanço em dois anos. A GDI mede a renda gerada e os custos incorridos na produção de bens e serviços, enquanto o PIB mede os gastos com esses bens e serviços.

Teoricamente, os dois indicadores deveriam ser iguais, mas nos últimos vários trimestres uma diferença grande se abriu entre eles. A discrepância levantou questões sobre o ritmo subjacente da expansão econômica.

O grupo responsável por datar oficialmente recessões no National Bureau of Economic Research usa a média entre o PIB e a GDI para determinar os pontos de virada no ciclo de negócios. O aumento médio no quarto trimestre foi de 4,1%, o maior em dois anos.

Os gastos do consumidor — que representam dois terços do PIB — aumentaram a uma taxa de 3,3%, em meio a um aumento nas despesas com saúde e serviços financeiros, mesmo com os gastos com bens revisados para baixo.

Os números mais fortes de investimentos não residenciais refletiram revisões nos gastos com investimento em infraestruturas, propriedade intelectual e equipamentos.

A métrica de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed) — o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) — subiu a uma taxa anual de 1,8% no quarto trimestre, a menos desde 2020.

Excluindo alimentos e energia, o indicador subiu 2%, ligeiramente menos do que na estimativa anterior. O relatório também mostrou que os lucros corporativos ajustados, antes da cobrança de impostos, aumentaram 4,1%, o maior avanço desde meados de 2022.

Os lucros após impostos como uma parcela do valor bruto adicionado para empresas não financeiras, uma medida das margens de lucro agregadas, permaneceram historicamente elevados em 15,1%.

Balanços trimestrais recentes mostraram que empresas de capital aberto estão desfrutando de um aumento nas margens brutas, à medida que recebem algum alívio nos custos de insumos — uma dinâmica que não necessariamente se reflete nos orçamentos dos consumidores.

Isso ajuda a explicar o recente otimismo dos investidores, enquanto o S&P 500 caminha para o quinto mês seguido de ganhos.

O presidente Joe Biden concentrou-se nos lucros robustos como motivo para acreditar que as empresas estão se aproveitando dos consumidores com preços altos, especialmente nos supermercados, enquanto faz campanha para reeleição.

Dados econômicos mais recentes indicam que os consumidores podem estar se tornando mais criteriosos após anos de gastos impulsionados pela demanda reprimida. Os dados sobre despesas de consumo pessoal para fevereiro devem ser divulgados na sexta-feira (29).

Olhando para o futuro, a trajetória da inflação e do mercado de trabalho será fundamental para determinar por quanto tempo os consumidores poderão continuar sustentando o crescimento econômico.

Um relatório separado divulgado na quinta-feira mostrou que os pedidos contínuos de auxílio-desemprego nos EUA aumentaram para 1,82 milhão na semana encerrada em 16 de março, o nível mais alto em quase dois meses.

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