Como a eleição de novo presidente em Taiwan afeta as relações entre a China e os EUA

Lai Ching-to, candidato que defende a proximidade com Washington, venceu a disputa neste sábado; Pequim diz que ele é um ‘instigador da guerra’

Lai Ching-te, Taiwan
Por Samson Ellis
13 de Janeiro, 2024 | 11:15 AM

Bloomberg — Taiwan elegeu Lai Ching-te como presidente do país que é um polo global de microprocessadores e está no centro das tensões entre Estados Unidos e China, infligindo um golpe a Pequim, que o rotulou como um “instigador de guerra”.

Lai, do Partido Democrático Progressista, assegurou a vitória na disputa mais acirrada da ilha em décadas, obtendo 40,1% dos votos contados até o momento - a menor porcentagem de um vencedor desde 2000, em uma disputa com três candidatos.

Hou Yu-ih, do principal partido de oposição, Kuomintang, ficou em segundo lugar. O Partido do Povo de Taiwan ficou em último em sua primeira campanha presidencial.

“Taiwan continuará a caminhar lado a lado com democracias ao redor do mundo”, disse Lai, sinalizando que manteria laços estreitos com Washington. Ele também prometeu manter a paz no Estreito de Taiwan.

PUBLICIDADE

Seu discurso foi transmitido simultaneamente em inglês, enquanto a única democracia de língua chinesa do mundo marcava o ponto culminante de uma eleição observada de perto ao redor do globo.

Hsiao Bi-khim, ex-enviada de Taiwan aos EUA e companheira de chapa de Lai, ficou ao seu lado enquanto ele proferia as palavras.

Sua vitória tende a irritar o governo do presidente Xi Jinping, em Pequim, que o chamou de “arruaceiro” e “separatista” na corrida eleitoral.

A China considera Taiwan uma província separatista e promete reconquistar a ilha algum dia. O presidente Joe Biden prometeu defender Taiwan em caso de invasão.

Relações China-EUA

A reeleição do Partido Democrático Progressista para um inédito terceiro mandato consecutivo no país testará a recente estabilização das relações entre Pequim e Washington, após seus líderes realizarem conversas na Califórnia em novembro.

Qualquer renovação das tensões entre as duas superpotências aumenta o risco de um erro de cálculo no Estreito de Taiwan se transformar em um conflito.

Biden enviará uma delegação bipartidária de ex-altos funcionários à ilha após a eleição, informou o Financial Times mais cedo, citando fontes familiarizadas com o assunto.

PUBLICIDADE

Essa medida tende a provocar uma resposta de Pequim, que se opõe a que nações tenham contatos oficiais com o governo de Taipei.

Embora Lai tenha sinalizado também que cooperaria com a China, seu partido tende a ter dificuldades para reiniciar as negociações com Pequim, suspensas nos últimos oito anos.

O Partido Comunista exige que haja concordância de que há apenas uma China no mundo como pré-requisito para tal diálogo, algo que o DPP se recusa a aceitar.

A decisão dos eleitores de Taiwan de apoiar Lai, que favorece laços estreitos com Washington, destaca que o desejo de manter distância da China superou as crescentes frustrações com questões domésticas cotidianas, como altos preços imobiliários e crescimento salarial mais lento do que o esperado.

As autoridades de Defesa de Taiwan afirmaram não esperar que a China conduza grandes exercícios militares ao redor da ilha imediatamente após a eleição, mas veem que Pequim tem aumentado a pressão de outras maneiras antes do novo presidente assumir o cargo em maio.

O candidato derrotado Hou Yu-ih, do KMT, parabenizou Lai por sua vitória em uma coletiva de imprensa no sábado (13) em Taipei, e pediu desculpas por decepcionar seus eleitores.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Gestoras brasileiras iniciam o ano com otimismo e enfrentam ressaca após rali

Inadimplência do cartão de crédito atinge o nível mais alto em uma década nos EUA

Milei desfaz controles de preços e inflação anual na Argentina vai a 211%