Como Beyoncé ajudou a pressionar a inflação na Suécia, segundo este banco

Preços de hospedagem e de passagens aéreas subiram no mês passado mais que o esperado com dois shows da estrela da música pop em Estocolmo, aponta Danske Bank

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Bloomberg — O núcleo do índice de inflação da Suécia desacelerou menos que o esperado em maio, quando fãs da Beyoncé lotaram Estocolmo e impulsionaram um aumento nos preços dos hotéis.

Uma medida de preço que exclui os custos de energia e o efeito das mudanças nas taxas de juros aumentou 8,2% em relação ao ano anterior, de acordo com dados publicados pelo departamento de estatísticas do país na quarta-feira (14).

O dado foi superior à estimativa mediana de 7,8% em uma pesquisa da Bloomberg com economistas, bem como dos 8,1% esperados pelo Riksbank, o banco central da Suécia.

Parte do aumento pode ser explicado pela estreia da atual turnê mundial da Beyoncé, de acordo com economistas do Danske Bank.

A estrela do R&B dos Estados Unidos atraiu mais de 80.000 pessoas em duas noites para a “Friends Arena” de Estocolmo, e os visitantes provavelmente contribuíram para um aumento inesperado nos preços de hotéis e lazer, disse o economista-chefe do banco, Michael Grahn.

“Esperamos que essa surpresa positiva seja revertida em junho, à medida que os preços de hotéis e das passagens voltem ao normal”, disse ele.

O banco ainda espera que a autoridade monetária da Suécia aumente novamente as taxas de juros, já que a moeda sueca permanece fraca e a inflação não desacelerou tanto quanto o desejado.

Glenn Nielsen, economista do Swedbank, disse que, embora os shows possam ter contribuído para aumentar os custos de acomodação em maio, os aumentos de preços surpreendentemente fortes foram “bastante amplos” e que a forte demanda em geral, bem como as altas pressões de custos, permite aos hotéis a capacidade e a motivação para aumentar os preços.

A leitura ocorre no momento em que as pressões inflacionárias estão diminuindo globalmente, com dados publicados na terça-feira (13) mostrando que a inflação nos Estados Unidos desacelerou para seu nível mais baixo desde março de 2021, enquanto os preços ao consumidor na zona do euro subiram menos que o esperado em maio.

No entanto a inflação na Suécia ainda sobe muito mais rápido do que a meta do banco central, e a fraqueza da moeda complica a situação para o Riksbank, já que seus esforços são prejudicados pelos custos mais altos dos bens importados, refletindo os desenvolvimentos na vizinha Noruega.

A coroa sueca tem negociado recentemente perto dos mínimos históricos em relação ao euro. Esse desenvolvimento torna mais urgente para o Riksbank manter sua taxa de juros em um nível mais alto do que a do Banco Central Europeu (BCE).

A maioria dos economistas apontou que o Riksbank anunciará um aumento de 0,25 ponto percentual nas taxas em 29 de junho, e os dados de preços mais recentes parecem confirmar essa visão, independentemente de qualquer impacto temporário dos shows da Beyoncé.

“No geral, os números da inflação de maio foram uma decepção e saíram claramente mais altos do que esperávamos”, disse Torbjorn Isaksson, da Nordea. “É um resultado alto, não menos considerando a ampla recuperação, reforçando a visão de que o Riksbank aumentará as taxas em junho.”

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