Bloomberg — Daniel Noboa, um líder empresarial de 35 anos oriundo de uma dinastia rica de exportação de frutas, será o próximo presidente do Equador após vencer a eleição de domingo (15), comprometendo-se a restaurar a ordem em uma nação assolada pela violência.
O preferido dos investidores, Noboa, venceu sua oponente de esquerda, Luisa Gonzalez, por 52,3% a 47,7% no segundo turno, com 90% dos votos apurados, de acordo com dados preliminares da autoridade eleitoral. Gonzalez concedeu a vitória em um discurso aos apoiadores em Quito.
Noboa, um novato na política, tem um ano e meio para controlar um país assediado por poderosos cartéis de cocaína, com dificuldades para pagar sua dívida e enfrentando instabilidade no congresso, tornando difícil a aprovação de leis ou o aumento de impostos. Seu governo interino assumirá o cargo de dezembro até 2025.
Educado nos EUA, Noboa, que se torna um dos líderes mais jovens do mundo, quer tornar o país mais aberto ao investimento estrangeiro e usar incentivos fiscais para impulsionar a criação de empregos. Antes da votação, muitos analistas previram que uma vitória de Noboa provocaria uma valorização dos títulos, já que seu oponente era aliada do ex-presidente Rafael Correa, que supervisionou um calote em 2008.
O segundo revés consecutivo para o movimento de Correa deveria “trazer um aumento do otimismo”, disse Siobhan Morden, chefe de Estratégia de Renda Fixa da América Latina no Banco Santander SA.
“A atenção mudará rapidamente para a equipe econômica, o plano econômico e o pacto político por uma coalizão legislativa viável”, escreveu Morden, em relatório publicado em 13 de outubro.
Os títulos do país com vencimento em 2035 estão sendo negociados a 36 centavos do dólar, indicando que os traders veem uma grande probabilidade de um calote.
Apesar de sua imagem como defensor do mercado livre, Noboa endossou recentemente um referendo para limitar a perfuração de petróleo na Amazônia, argumentando que não geraria lucros suficientes para justificar o dano ambiental. Ele também alarmou investidores quando propôs usar as reservas do banco central para financiar gastos, embora tenha voltado atrás posteriormente.
A eleição foi desencadeada quando o presidente Guillermo Lasso dissolveu o congresso para evitar um impeachment. Devido a isso, Noboa só servirá até maio de 2025, quando terminaria o mandato de Lasso.
Após concluir sua educação nos EUA, Noboa passou seus primeiros anos trabalhando para a empresa de seu pai. No primeiro semestre de 2023, a empresa exportou mais de 8 milhões de caixas de bananas, de acordo com dados da associação comercial.
Eles também possuem empresas de fertilizantes, chocolates, transporte e plásticos, entre outros interesses. O pai de Noboa, Alvaro, concorreu sem sucesso à presidência cinco vezes.
Em 2021, Daniel Noboa ganhou um assento no congresso e tornou-se presidente do Comitê de Desenvolvimento Econômico do Congresso, que elaborou legislação sobre setores como fintech e pequenas empresas.
Noboa saltou do sexto para o segundo lugar após o surpreendente assassinato do candidato Fernando Villavicencio em agosto. A nação ficou ainda mais chocada quando sete homens acusados de envolvimento na trama foram massacrados na prisão.
Noboa se comprometeu a controlar os cartéis de cocaína que fizeram do Equador um dos países mais violentos nos últimos anos. Entre outras iniciativas, ele diz que transferirá os chefes de gangues mais perigosos para prisões flutuantes na costa do Pacífico do Equador.
Um dos maiores desafios de Noboa será no congresso, onde apenas cerca de 10% dos legisladores apoiam seu partido e onde o partido Revolução Cidadã pró-Correa terá o maior número de assentos. A falta de uma coalizão governante tornou muito difícil para Lasso aprovar legislação.
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-- Atualizada às 22h25 de 15/10 com o resultado das eleições
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