China tenta dar fim à crise imobiliária com anúncio de pacote e estímulos

Recursos anunciados representam, contudo, apenas uma fração do montante que alguns analistas dizem ser necessário para resolver o desequilíbrio entre oferta e demanda

Imóveis na China
Por Bloomberg News
17 de Maio, 2024 | 10:56 AM

Bloomberg — O governo de Xi Jinping lançou o conjunto de medidas mais forte até agora para resgatar o setor imobiliário chinês, com melhores condições de financiamento para os mutuários e um programa estatal de compra das unidades que as incorporadoras não conseguem vender.

O pacote inclui valores mais baixos de entrada mínima exigida dos compradores e uma injeção de 300 bilhões de yuans (US$ 42 bilhões) do banco central para ajudar empresas estatais a absorverem a oferta excedente das incorporadoras e converter as unidades em moradia popular.

As ações das incorporadoras saltaram quase 10%, mas ainda não está claro se o plano será suficiente para pôr fim à crise imobiliária do país.

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Os recursos anunciados pelo banco central representam apenas uma fração do montante que alguns analistas dizem ser necessário para resolver o desequilíbrio entre oferta e a demanda, e muitos chineses esperam que os preços caiam mais antes de comprar.

“É um pouco semelhante ao resgate dos bancos durante a Grande Crise Financeira” de 2008 e 2009, disse Zhu Ning, professor de finanças do Instituto Avançado de Finanças de Xangai, em entrevista à Bloomberg TV.

“Mas, no final, a menos que o governo central intervenha e ofereça seu próprio crédito ao mercado imobiliário, será um pouco difícil ou prematuro demais para dizermos que estamos fora de perigo.”

O banco central chinês estima que o programa de refinanciamento resulte em 500 bilhões de yuans de crédito para a aquisição de moradias.

Isto está aquém dos números dos analistas, que estimam o financiamento necessário entre 1 trilhão e 5 trilhões de yuans – dependendo da escala e da velocidade com que o governo absorver o excesso de oferta.

O banco central reduziu o valor mínimo de entrada exigido dos compradores de um primeiro imóvel para 15%. Os compradores de uma segunda residência agora precisam dar 25% de entrada. Em ambos os casos, foi uma redução de 5 pontos percentuais.

Cada cidade ainda precisará tomar suas próprias decisões sobre os juros dos financiamentos, mas o piso nacional foi eliminado.

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O governo também disse que as autoridades locais devem recomprar terrenos que foram vendidos mas permanecem ociosos.

“Os efeitos dependerão da confiança dos consumidores”, disse Shen Meng, do banco de investimento Chanson & Co, com sede em Pequim. Se o plano não for bem executado, “é pouco provável que estimule a demanda e induza uma reviravolta estrutural”.

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