Bloomberg — Os mercados financeiros rapidamente reduziram seus movimentos iniciais após as últimas medidas comerciais de retaliação entre os EUA e a China. Analistas consultados pela Bloomberg News disseram que as medidas de Pequim pareciam bastante comedidas.
O yuan caiu cerca de 0,3% nas negociações offshore antes de reduzir as perdas, enquanto as ações em Hong Kong também reverteram seu recuo inicial, já que os investidores consideraram as medidas como sendo principalmente um posicionamento para as negociações comerciais. O Índice Hang Seng China Enterprises subiu 3%, depois de ter reduzido os ganhos para 1,7%.
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Os produtos que serão taxados pela China
A China impôs novas tarifas sobre uma série de produtos dos EUA momentos depois que o presidente Donald Trump impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos de Pequim.
Segundo a versão traduzida da declaração chinesa, os produtos são:
- Uma tarifa de 15% será imposta ao carvão e ao gás natural liquefeito;
- Uma tarifa de 10% será imposta sobre petróleo bruto, maquinário agrícola, carros de grande porte e caminhonetes.
- Para as mercadorias importadas listadas no apêndice, originárias dos Estados Unidos, as tarifas correspondentes serão cobradas com base nas taxas tarifárias atuais aplicáveis. As atuais políticas de redução e isenção de impostos e obrigações permanecem inalteradas e as tarifas adicionais não serão reduzidas ou isentas.
A visão de analistas sobre a retaliação
Jason Chan, estrategista sênior de investimentos do Bank of East Asia disse que o índice HSCEI reduziu os ganhos “porque a China anunciou algumas medidas de retaliação, mas acho que isso não terá muito impacto sobre as negociações entre as duas nações”.
"É o mesmo caso do Canadá e do México. Ambos os países também anunciaram uma série de medidas de retaliação antes da negociação com Trump. Essas medidas têm como objetivo apenas aumentar o poder de barganha nas negociações comerciais."
Para o diretor de investimentos da abrdn em Cingapura, Xin-Yao Ng, “a China sempre fará alguma retaliação, como a maioria dos países, simplesmente porque politicamente não pode ser vista como submissa. Para mim, a retaliação é a medida”, disse.
“Assim como a tarifa de 10% de Trump também é, até agora, mais comedida do que os 60% que ele prometeu inicialmente. Mas eu definitivamente espero discussões comerciais muito intensas com mais ameaças de tarifas e, portanto, pressão repetida sobre as ações chinesas.”
“A série de eventos levanta a questão de saber se as negociações fracassaram ou se ainda estamos simplesmente no modo ‘esperar para ver’. Mesmo que não haja boas notícias, o mercado parece estar reagindo de forma exagerada e a situação destaca a volatilidade e a incerteza no mercado, que está se tornando cada vez mais nervoso”, disse Charu Chanana, estrategista-chefe de investimentos da Saxo Markets.
Enquanto isso, Rajeev De Mello, gerente de portfólio macro global da Gama Asset Management, disse que pós o anúncio do adiamento das tarifas sobre as importações do Canadá e do México, havia alguma chance de que os EUA também adiassem a imposição de tarifas sobre as importações da China, o que ajudou os mercados acionários a se recuperarem nesta manhã.
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“Com essas esperanças frustradas, a guerra tarifária começou. A China será forçada a reagir, embora em seus próprios termos e visando setores específicos.”
-- Com a ajuda de Aya Wagatsuma e Matthew Burgess.
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