China mantém taxas de juros inalteradas diante de yuan fraco e dúvidas sobre Fed

Governo de Xi Jinping enfrenta demanda interna fraca e uma crise imobiliária prolongada; decisão decepciona apostas de investidores em cortes nos juros

Prédio do Banco Popular da China
Por Bloomberg News
15 de Janeiro, 2024 | 08:56 AM

Bloomberg — O banco central da China manteve sua taxa de juros de médio prazo inalterada, diante de preocupações com a volatilidade do yuan e a incerteza sobre quando começará a flexibilização monetária do Federal Reserve.

O Banco Popular da China anunciou a manutenção da taxa de referência de um ano nesta segunda-feira (15), uma decepção para investidores que esperavam o primeiro corte desde agosto.

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A autoridade monetária injetou mais liquidez no sistema financeiro, mas uma série de dados fracos de crédito bancário na sexta-feira (12) havia aumentado as expectativas de medidas mais ousadas.

“Um corte de juros provavelmente teria prejudicado o yuan e levado a uma fraqueza cambial indesejada”, disse Robert Carnell, chefe de pesquisa para Ásia-Pacífico no ING. “Acho que as autoridades estão bastante limitadas no que podem fazer — e por isso não estou decepcionado nem surpreso, mas já aceitei que este deve ser mais um ano difícil.”

Números divulgados na sexta-feira mostraram que a China teve sua mais longa sequência deflacionária desde 2009 até dezembro, e que o crescimento dos empréstimos no mês passado veio abaixo das expectativas, enquanto as exportações tiveram a primeira queda anual desde 2016.

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O governo do presidente Xi Jinping enfrenta uma demanda interna fraca e uma crise imobiliária prolongada. Dados mais abrangentes de 2023 serão divulgados na quarta-feira (17).

Banco Popular da China mantém juros

A incerteza sobre a trajetória de juros do Fed é um fator complicado para o BC chinês, depois que o diferencial de juros que favorece os ativos dos Estados Unidos se ampliou no ano passado.

O índice de preços ao consumidor americano registrou uma ligeira aceleração no final do ano, o que jogou água fria em apostas de corte de juros já em março.

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“Não pretendem fazer cortes rápidos demais na China e, por isso, talvez queiram utilizar injeções de liquidez e outros tipos de ferramentas de flexibilização do crédito, em vez de um corte de juros”, disse Frederic Neumann, economista-chefe para Ásia do HSBC Holdings, em entrevista à Bloomberg TV.

O yuan se enfraqueceu nas últimas semanas. Os bancos também registraram margens financeiras historicamente baixas, e podem precisar de mais tempo para reduzir os juros que cobram.

As decisões do banco central no ano passado tiveram pouco impacto na crise imobiliária. As famílias chinesas continuam a adiar seus planos de compra de imóveis.

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