Bloomberg — A China avalia 1 trilhão de yuans (US$ 139 bilhões) de novas emissões sob um plano especial de dívida soberana, em mais um esforço para impulsionar a segunda maior economia do mundo. Seria apenas a quarta venda de títulos deste tipo nos últimos 26 anos.
A proposta em discussão entre autoridades do alto escalão do governo envolveria a venda de títulos de longo prazo para financiar projetos relacionados a alimentação, energia, cadeias de abastecimento e urbanização, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.
Estas emissões especiais são raras. Na esteira da crise financeira asiática de 1998, por exemplo, o governo emitiu dívida especial para repor capital nos principais bancos estatais. A venda mais recente ocorreu em 2020, quando o governo emitiu 1 trilhão de yuans para financiar medidas em resposta à pandemia.
O plano ressalta os esforços do presidente Xi Jinping de transferir de governos locais endividados para o governo central a responsabilidade pelo aumento de gastos necessários para estimular a economia. Pressões deflacionárias, crise imobiliária e demanda interna fraca pesam sobre a atividade e sobre a confiança do consumidor.
As discussões estão em andamento e o plano pode ser alterado, disseram as fontes. O Ministério das Finanças não respondeu a um pedido de comentário.
No ano passado, a China recorreu a um aumento no plano de endividamento de 2023 para estimular a economia. Nesse caso, o governo tomou a medida incomum de elevar a meta de déficit para cerca de 3,8% do PIB, o que abriu espaço para vendas adicionais de dívida no valor de 1 trilhão de yuans.
A proposta em discussão para 2024 utilizaria dívida especial, que não seria contabilizada no orçamento e não afetaria o número de déficit. Os títulos com prazos de várias décadas não causariam pressão fiscal de curto prazo.
Mas mesmo títulos ultralongos “podem não ser capazes de superar todos os desafios fiscais”, disseram economistas do Goldman Sachs (GS), que descreveram a emissão especial como um “kit de ferramentas provável” para a flexibilização fiscal este ano.
“Acreditamos que o apoio fiscal deverá permanecer sólido este ano, mas reconhecemos a incerteza em torno da combinação exata de emissões de títulos do governo que está por vir”, acrescentaram.
Enquanto isso, os governos locais trabalham em propostas de projetos para utilizar os fundos, disseram as fontes. As vendas estariam previstas para o segundo semestre, disse uma delas.
Cerca de metade dos fundos levantados com a venda extra de dívida anunciada em outubro ainda vão ser alocados para utilização no início de 2024.
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