China anuncia maior corte de juros desde 2020 diante de piora da economia

Anúncio surpreendeu economistas, que previam manutenção da taxa; corte sugere maior preocupação das autoridades com a piora das perspectivas

Projetos residenciais da incorporadora Country Garden na China
Por Bloomberg News
15 de Agosto, 2023 | 08:16 AM

Bloomberg — O banco central da China reduziu inesperadamente os juros para fortalecer uma economia que enfrenta novos riscos com o agravamento da crise imobiliária e consumo fraco.

O Banco Popular da China baixou a taxa de empréstimos de um ano de 2,65% para 2,5%, o maior corte desde 2020.

Todos menos um dos 15 analistas consultados pela Bloomberg previam que a taxa permaneceria inalterada. A autoridade monetária também reduziu a taxa de sete dias de recompra reversa no interbancário, de 1,9% para 1,8%.

O movimento surpresa veio pouco antes da divulgação de dados decepcionantes de gastos do consumidor, produção industrial e investimento, além de aumento do desemprego.

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A agência de estatísticas chinesa disse que a demanda doméstica continua “insuficiente” e que “a base de recuperação da economia ainda precisa ser fortalecida”. A China precisa “intensificar o ajuste da política macroeconômica e se concentrar na expansão da demanda doméstica, aumentar a confiança e prevenir riscos”, disse o órgão em comunicado.

Confira abaixo os principais dados econômicos divulgados:

  • Produção industrial aumentou 3,7% em julho em relação ao ano anterior, abaixo da estimativa média de 4,3% em pesquisa da Bloomberg com economistas;
  • Vendas no varejo tiveram alta de 2,5%, pior do que a previsão mediana de 4%;
  • Investimento em ativos fixos se enfraqueceu para crescimento de 3,4% nos primeiros sete meses do ano, abaixo dos 3,7% previstos pelos economistas;
  • O desemprego subiu para 5,3%, de 5,2% em junho.

O corte de juros sugere maior preocupação das autoridades com a deterioração das perspectivas, especialmente no mercado imobiliário, onde a incorporadora Country Garden enfrenta uma crise de dívida e as vendas de casas continuam a cair.

Os riscos também estão se espalhando para o setor financeiro, onde a gestora de recursos de um grande conglomerado financeiro, que tinha exposição ao setor imobiliário, deixou de remunerar alguns produtos de investimento.

Se espera que las tasas de los bancos también caigan en consecuencia

Os problemas econômicos da China estão se espalhando pelo resto do mundo e preocupando formuladores de políticas monetárias globais. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que a desaceleração da China é um “fator de risco” para a economia americana, embora o impacto seja maior para os vizinhos asiáticos.

Na semana passada, o presidente americano Joe Biden disse que os problemas econômicos da China são uma “bomba-relógio”.

-- Com a colaboração de Paul Dobson, Jing Zhao, Wenjin Lv, Jill Elaine Disis, James Mayger, Jing Li e Kari Soo Lindberg.

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