China amplia batalha para conter rali recorde da dívida pública

O BC chinês está dividido entre apoiar o crescimento e tentar conter um rali de títulos que poderia se converter em choque financeiro

Crise imobiliária na China
Por Bloomberg News
08 de Agosto, 2024 | 09:13 AM

Bloomberg — A China ampliou sua batalha contra uma valorização dos títulos de dívida pública que as autoridades consideram excessiva e especulativa.

Em um período de 24 horas, os bancos estatais chineses começaram a vender títulos de sete anos de suas carteiras para puxar as taxas para cima.

Autoridades locais pediram a alguns credores rurais em uma das províncias mais ricas do país para suspender a negociação com as notas. E os reguladores tornaram mais lenta a aprovação de novos fundos de dívida pública, segundo fontes que falaram à Bloomberg News.

Leia também: China eleva reserva estatal de trigo para evitar queda de preços no país

PUBLICIDADE

O rendimento que os investidores exigem para comprar dívida pública chinesa de 10 anos atingiu uma mínima recorde de cerca de 2,13% no início deste mês, em meio a expectativas de que o Banco Popular da China cortará mais os juros.

A demanda pelos títulos é impulsionada pela fraqueza da economia, desempenho ruim das ações e uma crise imobiliária prolongada.

“A tendência recente pode ter feito com que as autoridade começassem a reagir em meio a preocupações com uma bolha no mercado de títulos, e as vendas dos bancos estatais possivelmente cooperam com esses esforços”, disse Lynn Song, economista-chefe para China no ING Bank.

O BC chinês está dividido entre apoiar o crescimento e tentar conter um rali de títulos que poderia se converter em choque financeiro se for revertido de forma desordenada.

A autoridade monetária tem buscado limitar os riscos das instituições financeiras, levando em conta o colapso nos EUA do Silicon Valley Bank, que acumulou títulos do Tesouro americano antes que os juros começassem a subir, derrubando o valor da carteira.

No início desta semana, a autoridade se absteve de injetar liquidez de curto prazo no sistema financeiro pela primeira vez desde 2020 – uma medida que limitou a capacidade das instituições de comprar títulos com dinheiro emprestado.

Os bancos públicos venderam ativamente notas de 10 anos, e autoridades locais exigiram que pequenos credores ficassem atentos aos riscos em suas carteiras de títulos.

PUBLICIDADE
Gráfico: Yields de títulos chineses afundam e alcançam menor patamar recorde

Mesmo assim, os investidores correram para comprar títulos públicos nos leilões, mesmo com rendimentos historicamente baixos.

Nesta quinta-feira (8), os bancos públicos mudaram o foco para venda de notas de sete anos, de acordo com traders que pediram para não serem identificados.

A taxa sobre os títulos chegou a subir cinco pontos-base com a venda, o maior repique desde abril.

Alguns credores rurais na afluente província de Jiangsu – que estão entre os compradores mais agressivos de títulos do governo – foram solicitados a suspender suas negociações no mercado de dívida pública a partir desta quinta, de acordo com uma fonte.

Quatro bancos regionais estariam sob investigação por suposta manipulação no mercado de dívida, segundo fontes.

Os analistas, contudo, não esperam que as medidas surtam efeitos de longo prazo, diante da expectativa de mais cortes de juros para estimular o crescimento.

“Essas medidas abordam principalmente o sintoma e não a causa”, disse Song. “As intervenções devem ter um impacto de curto prazo, enquanto a tendência de longo prazo não será afetada, a menos que haja uma melhora no apetite por risco.”

Veja mais em bloomberg.com