Bloomberg — O afrouxamento das rédias do governo chinês sobre o yuan desencadeou uma depreciação da moeda e derrubou seus pares asiáticos.
O yuan sofreu sua maior desvalorização em mais de dois meses no mercado de câmbio interno do país depois que as autoridades estabeleceram uma taxa diária de referência mais fraca do que o esperado, alimentando especulações de que iriam tolerar uma maior depreciação da moeda.
Isso levou a divisa chinesa para perto do limite da faixa de negociação diária permitida, de mais ou menos 2% da taxa de câmbio de referência.
A postura mais branda do governo ressalta os desafios de tentar estimular a economia por meio da flexibilização monetária e ao mesmo tempo tentar manter o yuan estável para evitar saídas de capitais.
O Banco Popular da China precisará manter algum apoio à moeda para garantir que a depreciação seja ordenada e não ponha em risco a estabilidade financeira.
A fraqueza do yuan tem implicações que vão além do mercado de câmbio da China. Uma depreciação súbita ou sustentada pode pesar sobre outras moedas asiáticas, já sob pressão de um dólar forte no mercado de câmbio global.
A perspectiva de uma desvalorização sustentada também pode tornar as ações do país menos atraentes para os investidores estrangeiros.
“O banco central está disposto a permitir algum nível de fraqueza do yuan, já que o dólar ganhou um viés de alta recentemente”, disse Fiona Lima, estrategista sênior de câmbio do Malayan Banking, em Singapura.
O yuan onshore se enfraqueceu em até 0,4% para 7,23 por dólar nesta sexta-feira (22), ultrapassando o nível de 7,2 que as autoridades vinham defendendo há meses.
O BC chinês fez o maior afrouxamento da taxa de câmbio de referência diária desde o início de fevereiro.
Além disso, os bancos estatais se abstiveram de vender dólar em grandes quantidades na abertura dos negócios, segundo operadores de câmbio.
O sentimento piorou também depois que o vice-governador do banco central, Xuan Changneng, disse que ainda há espaço para baixar a alíquota do compulsório dos bancos, o que pode ampliar ainda mais a divergência de política monetária entre EUA e China.
“A reação agressiva do mercado imediatamente após um ligeiro recuo no viés de valorização pode levar a um movimento mais cauteloso”, disse Becky Liu, chefe de estratégia macro para China no Standard Chartered. “O BC pode precisar intensificar a gestão cambial no curto prazo.”
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