CEOs estão otimistas com o governo Trump. Kenneth Rogoff não está tão certo

Professor de Harvard e ex-economista-chefe do FMI diz à Bloomberg TV em Davos que políticas prometidas dispõem de menos espaço do que no primeiro mandato do republicano

Kenneth Rogoff, professor of economics at Harvard University, during a Bloomberg Television interview at the World Economic Forum (WEF) in Davos, Switzerland, on Tuesday, Jan. 21, 2025. The annual Davos gathering of political leaders, top executives and celebrities runs from January 20 to 24. Photographer: Hollie Adams/Bloomberg
Por Craig Stirling
21 de Janeiro, 2025 | 06:36 PM

Bloomberg — O presidente Donald Trump enfrenta uma série de obstáculos que podem frustrar sua capacidade de gerar um boom na economia dos EUA, segundo o professor Kenneth Rogoff, da Universidade Harvard.

Em entrevista no Fórum Econômico Mundial em Davos, o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional afirmou que as políticas prometidas desta vez têm menos probabilidade de estimular o crescimento em comparação com seu primeiro mandato na Casa Branca.

PUBLICIDADE

“Praticamente toda promessa de campanha é algo contraproducente — quero dizer, você pode considerar as tarifas, a isenção de impostos sobre a previdência social, e por aí vai”, disse Rogoff a Lisa Abramovicz e Jonathan Ferro na Bloomberg Television.

Leia mais: Vantagem dos EUA sobre o mundo vai se ampliar, diz head de estratégia do J.P. Morgan

“Não é tão óbvio que ele tenha o mesmo espaço para avançar com suas políticas. E, quando ele assumiu, as taxas de juros estavam em zero. Agora, não estão mais.”

PUBLICIDADE

As previsões relativamente pessimistas de Rogoff sobre o cenário sob o novo presidente contrastam tanto com o otimismo demonstrado por executivos em Davos quanto com sua própria avaliação mais positiva contra o consenso quando Trump assumiu o cargo pela primeira vez, em 2017.

“Se olharmos apenas para as políticas, as coisas que ele fez no primeiro mandato, acho que, em geral, foram construtivas para a economia - desregulamentação, cortes de impostos, eliminar a dedução estadual e local”, afirmou o economista.

“Mas ele enfrenta muitas restrições que não enfrentou na primeira vez. Então, não acho que possamos esperar o mesmo boom que tivemos antes.”

PUBLICIDADE

Entrevistado poucos minutos depois, o predecessor de Rogoff no cargo no FMI, Raghuram Rajan, alertou que a economia dos EUA tem “coisas corroendo pelas bordas.” Ele citou o aumento nas inadimplências de cartões de crédito e o fim da moratória sobre dívidas estudantis.

Leia mais: Rogoff diz que mercados vão ‘impedir’ qualquer pressão política sobre o Fed

“Há coisas com as quais devemos nos preocupar um pouco”, disse o ex-presidente do Banco Central da Índia, ao alertar que os funcionários do banco central dos EUA também estão lutando para esfriar o crescimento econômico.

PUBLICIDADE

“De maneira geral, o Fed não está conseguindo desacelerar a economia na medida que deseja”, afirmou. “O mercado de trabalho ainda está forte.”

Por sua vez, Rogoff acredita que o próximo movimento do Federal Reserve está em equilíbrio.

“Minha aposta é que, no momento, as chances de um aumento [nas taxas de juros] são tão boas quanto as de um corte”, disse ele.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia mais

Trump manda abrir águas dos EUA à exploração de petróleo. Uma lei pode atrapalhar