Biden testa positivo para covid e cresce pressão para que desista da reeleição

Doença interrompe a campanha e coloca a saúde do presidente dos EUA de volta sob os holofotes em um momento crítico para a corrida eleitoral

O presidente dos EUA Joe Biden
Por Justin Sink
18 de Julho, 2024 | 09:23 AM

Bloomberg — A campanha de reeleição do presidente dos Estados Unidos Joe Biden não tem sido fácil.

Além dos apelos crescentes para que ele desista da corrida eleitoral, Biden testou positivo para covid-19 na quarta-feira (17), o que frustrou suas esperanças de ofuscar a Convenção Nacional Republicana e o forçou a cancelar uma aparição perante um importante grupo de defesa dos latinos.

Uma enxurrada de vazamentos à imprensa detalhou como importantes lideranças do Partido Democrata teriam alertado Biden pessoalmente de que é improvável que ele derrote Donald Trump e que está colocando seus aliados no Congresso em risco.

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O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, expressou sua avaliação contundente a Biden de que seria melhor se ele desistisse da corrida, segundo a ABC News.

O líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, disse ao presidente que sua candidatura ameaça as esperanças dos democratas de ter o controle de qualquer uma das casas do Congresso, informou o jornal Washington Post. E a ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, teria dito a Biden em uma conversa privada que ele não conseguiria derrotar Trump, de acordo com a CNN.

Esses apelos a portas fechadas se somam a declarações públicas. Adam Schiff – deputado democrata da Califórnia que concorre ao Senado – instou Biden a “passar a tocha”.

Schumer e Jeffries trabalharam para derrubar uma tentativa de alguns aliados de Biden de fazer um encontro virtual antecipado que poderia ter formalizado sua nomeação como candidato oficial do partido.

Em vez disso, o presidente se isolou, física e metaforicamente, em sua casa em Rehoboth Beach, no estado de Delaware.

Na Casa Branca, o porta-voz Andrew Bate insistiu que Biden segue a todo vapor.

Biden disse aos líderes do Congresso que “ele é o indicado do partido, planeja vencer e espera trabalhar com ambos para aprovar sua agenda de 100 dias para ajudar as famílias de trabalhadores”, disse Bates em comunicado.

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Mas o episódio de covid do presidente interrompe a campanha e coloca sua saúde de volta sob os holofotes em um momento crítico, no qual ele tenta provar que as preocupações com sua idade e acuidade mental são exageradas.

E Biden alimentou ainda mais o melodrama ao sugerir, em uma entrevista ao canal Black Entertainment Television, que consideraria desistir da corrida se surgissem novos problemas de saúde, e que estaria aberto a passar o bastão à vice-presidente Kamala Harris se novas condições médicas surgissem durante um segundo mandato.

Até para os aliados de Biden ficou difícil defender o presidente. O senador Bernie Sanders, que faz parte da ala mais à esquerda do Partido Democrata que se uniu em defesa de Biden, admitiu em entrevista à revista New Yorker que Biden tem dificuldade em completar frases.

Quase dois terços do próprio partido de Biden diz que ele deveria se retirar da disputa, de acordo com uma pesquisa da Associated Press-NORC divulgado horas antes do diagnóstico de covid de Biden.

Apenas três em cada dez democratas estão extremamente ou muito confiantes em sua capacidade de servir de forma eficaz como presidente.

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