Bloomberg — O presidente Joe Biden tentou acalmar as brigas internas democratas sobre sua campanha presidencial, dizendo que está determinado a permanecer na disputa e que os dissidentes devem parar de pedir sua retirada das eleições.
"Estou firmemente comprometido a permanecer nesta corrida, a disputá-la até o fim e a derrotar Donald Trump", escreveu Biden em uma carta de duas páginas endereçada aos legisladores democratas e divulgada por sua campanha.
Biden enviou a carta e fez uma aparição não programada na MSNBC na manhã desta segunda-feira (8), quando os membros do Congresso retornam a Washington pela primeira vez desde que seu desempenho no debate desencadeou uma preocupação sobre sua capacidade de derrotar Trump e governar por mais quatro anos.
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No fim de semana, alguns democratas proeminentes da Câmara disseram, sem querer se identificar, que querem que Biden, 81 anos, se afaste.
A carta do presidente deixa claro que ele não sairá quieto – dando aos democratas preocupados com sua campanha uma escolha entre uma luta prolongada pelo poder ou a união em torno de um candidato que eles acreditam que os levará à derrota.
“A questão de como seguir em frente está sendo discutida há mais de uma semana. E é hora de acabar”, escreveu Biden. “Qualquer enfraquecimento da determinação ou falta de clareza sobre a tarefa que temos pela frente só ajuda Trump e nos prejudica. É hora de nos unirmos, seguirmos em frente como um partido unido e derrotar Donald Trump.”
Pelo menos nove democratas da Câmara disseram acreditar que Biden não deve mais ser seu candidato presidencial, incluindo alguns membros seniores do partido que tornaram sua posição conhecida no domingo (7), em uma conversa virtual fechada organizada pelo líder da minoria da Câmara, Hakeem Jeffries.
Biden, na MSNBC, disse que estava frustrado com os vazamentos de descontentamento e desafiou os democratas que querem outro candidato a uma disputa na convenção do partido em agosto.
O presidente disse que seus comícios em Wisconsin e na Pensilvânia nos últimos dias lhe deram confiança de que as pessoas querem que ele permaneça na disputa.
“Qualquer um desses caras que não acha que eu deva concorrer, concorra contra mim. Me desafiem na convenção”, disse Biden.
O presidente também ignorou a preocupação dos doadores de alto valor, dizendo que está concentrado no que os democratas comuns e os eleitores acreditam. Biden apontou para os números da arrecadação de fundos de base, sugerindo que o apoio poderia ajudar a sustentar sua campanha
“Não me importo com o que os milionários pensam”, disse Biden na MSNBC. “Quero o apoio deles, mas não é por isso que estou concorrendo.”
O presidente atribuiu a discórdia a um frenesi impulsionado pela mídia e por apoiadores ricos, dizendo que eles estavam ignorando um processo primário que o elegeu como candidato democrata.
Mas essa atitude desafiadora provavelmente só alimentará as preocupações entre seus céticos de que Biden não está levando a sério a maior crise política que já enfrentou em sua presidência.
Os apelos para que o presidente encerre sua campanha só aumentaram depois que sua entrevista à ABC News, na sexta-feira (6), provocou mais preocupações de que talvez ele não esteja entendendo o perigo que sua candidatura à reeleição enfrenta – o que também ameaça prejudicar os esforços dos democratas para conquistar a Câmara e o Senado.
"O resultado final é que não vamos a lugar algum. Eu não vou a lugar nenhum", disse o presidente. "Eu queria ter certeza de que estava certo de que o eleitor médio ainda quer Joe Biden. E estou confiante de que eles querem".
Biden e sua equipe disseram que ele planeja seguir em frente com as viagens para Michigan, Texas e Nevada depois de sediar a cúpula da OTAN esta semana em Washington.
O governador de Maryland, Wes Moore, e a presidente da campanha de Biden, Jennifer O’Malley Dillon, planejam falar em uma ligação com alguns dos maiores doadores do presidente nesta segunda-feira, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Após o debate, uma pesquisa da Bloomberg News/Morning Consult mostrou Biden com seu melhor desempenho até agora em sete estados de batalha, mas também atrás de Trump por 2 pontos percentuais nesses estados. Biden ainda perderia o Colégio Eleitoral se os resultados se mantivessem.
-- Com a colaboração de Hadriana Lowenkron, Stephanie Lai e Eric Martin.
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