Bloomberg — O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas pela quarta reunião consecutiva nesta quinta-feira (7), à medida que uma perspectiva mais suave para a inflação e o crescimento econômico reforçaram as expectativas de cortes a partir de junho.
A taxa de depósito foi mantida em 4%, como previsto por todos os economistas consultados pela Bloomberg. O Comitê reiterou que manter esse nível de custo de empréstimo por “tempo suficientemente longo” contribuirá “substancialmente” para o retorno do crescimento dos preços ao consumidor à meta de 2%.
“O Conselho de Governadores continuará a seguir uma abordagem baseada em dados para determinar o nível e a duração adequados das restrições”, disse o BCE em comunicado nesta quinta.
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“Embora a maioria das medidas de inflação tenha diminuído ainda mais, as pressões de preços domésticas permanecem altas, em parte devido ao forte crescimento nos salários.”
Os traders aumentaram as apostas em flexibilização monetária após o anúncio do BCE, agora prevendo uma redução total de um ponto percentual nas taxas em 2024, em comparação com cerca de 93 pontos-base anteriormente.
O euro passou a cair 0,2% após o anúncio, a US$ 1,0874, enquanto o rendimento dos títulos alemães de 10 anos recuou seis pontos-base, a 2,26%.
Assim como o Federal Reserve e o Banco da Inglaterra, o BCE está aguardando para dar o sinal verde para a inflação e começar a desfazer o aperto monetário sem precedentes implantado para contê-la.
Embora o crescimento dos preços na zona do euro de 20 nações esteja se aproximando da meta, os formuladores de políticas monetárias estão cautelosos em cortar muito cedo e pedem por garantias de que os aumentos salariais estejam sob controle.
A mais recente perspectiva trimestral coloca a inflação em 2,3% este ano — abaixo de 2,7% em dezembro — e revisa a previsão para 2025 para 2%. Enquanto isso, prevê-se que a economia na zona do euro cresça 0,6% em 2024, em comparação com 0,8% anteriormente.
A presidente Christine Lagarde realizará uma coletiva de imprensa ainda nesta quinta. Os investidores ficarão atentos a Lagarde em busca de sinais sobre se as expectativas de um primeiro corte de juros em junho permanecem válidas.
Ela também pode ser questionada sobre uma disputa crescente com funcionários do BCE sobre liberdade de debate e política climática.
Cortes em junho
A maior parte dos funcionários do BCE preveem corte em junho, embora gostariam de uma ação mais rápida, já que a economia do continente luta para sair de mais de um ano de estagnação.
Por essa razão, muitos políticos também desejam condições financeiras mais frouxas. “Um corte nas taxas poderia ajudar a impulsionar o crescimento, que está baixo em toda a Europa”, disse o Ministro das Finanças da Itália, Giancarlo Giorgetti, na semana passada. “Acredito que não sou o único que compartilha dessa visão.”
Embora os formuladores de políticas estejam mais confiantes de que a inflação está recuando de forma sustentável, a maioria considera que ainda é cedo demais para declarar vitória e quer ver mais dados apoiando a retirada antes de dar luz verde para o afrouxamento monetário.
Em fevereiro, a inflação ficou em 2,6%, um pouco acima do que o esperado — apoiando aqueles que não querem se apressar em baixar as taxas.
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