Bloomberg — O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juros pela terceira reunião consecutiva, e sinalizou mais reduções no próximo ano.
O corte acontece em um momento que a inflação se aproxima de 2% e a economia enfrenta dificuldades.
A taxa foi cortada em 0,25 ponto para 3% - conforme previsto por todos os analistas, exceto um, em uma pesquisa da Bloomberg News. Isso eleva o total de flexibilização desde junho para 100 pontos base.
A declaração do BCE deixou de lado o texto que dizia que a política permanecerá “suficientemente restritiva” pelo tempo que for necessário.
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"O Conselho do BCE está determinado a garantir que a inflação se estabilize de forma sustentável em sua meta de médio prazo de 2%", disse o BCE na quinta-feira. "Ele seguirá uma abordagem dependente de dados e de reunião a reunião para determinar a postura apropriada da política monetária."
O euro caiu 0,2%, e atingiu o valor mais baixo da sessão, US$1,0470, com os investidores se concentrando na referência omitida à manutenção de taxas “restritivas”.
Os investidores apostam em cerca de 125 pontos base a mais de flexibilização no próximo ano, em geral em linha com os preços antes do anúncio.
Apesar de não haver um compromisso firmado, espera-se que as reduções consecutivas nos custos dos empréstimos continuem até meados de 2025, uma vez que a economia europeia, já lenta, passa por turbulências políticas na Alemanha e na França, além de um possível abalo no comércio global com o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA.
O receio é que o crescimento abaixo da média arraste a inflação - atualmente em 2,3% - para abaixo da meta, em um patamar próximo a era pré-Covid, quando o foco era mais o aumento dos preços do que sua contenção.
As novas projeções trimestrais do BCE, publicadas na quinta-feira, refletem o cenário frágil, e revisam para baixo as perspectivas de expansão econômica e inflação no próximo ano.
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A presidente Christine Lagarde responderá a perguntas sobre a decisão do BCE em uma coletiva de imprensa às 14h45 em Frankfurt.
Ela não é a única dirigente de banco central a supervisionar a redução das taxas. No início da quinta-feira, o Banco Nacional da Suíça seguiu a decisão do Banco do Canadá de cortar 50 pontos base.
O Federal Reserve, por sua vez, provavelmente fará o mesmo na próxima semana, depois que os dados de quarta-feira mostraram que a inflação dos EUA em novembro ficou em linha com as expectativas.
O período que antecedeu a reunião do BCE desta semana foi dominado por preocupações com as perspectivas da Europa. Embora o crescimento tenha se acelerado inesperadamente no terceiro trimestre, os dados recentes sinalizaram uma deterioração, principalmente no setor de serviços, que durante a maior parte do ano compensou a fraqueza de longa data entre os fabricantes.
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Isso acendeu o debate sobre até que ponto o BCE deve reduzir os custos dos empréstimos e até que ponto essa flexibilização monetária seria eficaz em um momento em que muitos desafios enfrentados pelo bloco de 20 países - como escassez de mão de obra e custos mais altos de energia - são estruturais.
Os economistas veem as taxas se fixando em 2%, enquanto os investidores acreditam que uma campanha mais agressiva as deixará em 1,75%. Se os mercados estiverem certos, isso provavelmente resultaria em uma política que se tornaria estimulante, caindo abaixo dos chamados níveis neutros.
--Com a ajuda de Craig Stirling, Jasmina Kuzmanovic, Kamil Kowalcze, William Horobin, James Regan, Daniel Hornak, Alessandra Migliaccio, Mark Evans, Simon Lee, Joel Rinneby, Barbara Sladkowska, Harumi Ichikura e Greg Ritchie.
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