Aviação comercial tem o maior número de fatalidades desde 2018 em acidentes aéreos

Desastre da Jeju Air na Coreia do Sul neste domingo (29) e a queda de um avião da Azerbaijan Airlines na semana passada foram alguns dos piores acidentes aéreos do ano

Acidente da Jeju Air, na Coreia do Sul, deixou 179 mortos
Por Angus Whitley - Jinshan Hong - Danny Lee
30 de Dezembro, 2024 | 11:29 AM

Bloomberg — A aviação comercial sofreu seu ano mais mortal desde 2018 após o desastre da Jeju Air na Coreia do Sul neste domingo (29) e a queda de um avião da Azerbaijan Airlines na semana passada.

As mortes a bordo de aviões de passageiros neste ano saltaram para 318 com os dois acidentes recentes, segundo dados compilados pela Cirium. Esse é, de longe, o maior número de mortes desde que mais de 500 pessoas morreram em 2018, um ano marcado pelo primeiro de dois acidentes com o Boeing 737 Max.

PUBLICIDADE

Este ano começou e terminou com tragédias no Japão e na Coreia do Sul durante tentativas de aterrissagem, uma das fases mais perigosas do voo.

Os acidentes fatais na aviação continuam sendo muito raros, e um incidente grave pode transformar um ano estatisticamente seguro em um dos piores.

(Fonte: Cirium via Bloomberg)

“O recente pico cai nas margens da imprevisibilidade”, disse Darren Straker, ex-chefe de unidades de investigação de acidentes aéreos nos Emirados Árabes Unidos e em Hong Kong.

PUBLICIDADE

Ele sugeriu que as tripulações das companhias aéreas poderiam ser mais bem treinadas para responder aos eventos atípicos.

Os investigadores ainda não determinaram por que um Boeing 737-800 da Jeju Air - um antecessor do Max - desceu a pista do Aeroporto Internacional de Muan no início do domingo sem o trem de pouso acionado e se chocou contra uma parede de concreto.

Com exceção de duas das 181 pessoas a bordo, todas morreram quando o jato destruído explodiu em uma bola de fogo.

PUBLICIDADE

Depois que outro avião da Jeju Air teve um problema com o trem de pouso, as autoridades coreanas ordenaram, na segunda-feira, a verificação dos registros de manutenção de 101 outros 737-800 em operação entre as companhias aéreas locais. As ações da Boeing caíram no início das negociações nos EUA.

Leia mais: Acidente com avião da Jeju Air deixa 179 mortos na Coreia do Sul

As inspeções mais amplas ocorreram no momento em que os investigadores começaram a analisar o gravador de voz da cabine de comando e o dispositivo de dados de voo danificado, que contêm pistas cruciais sobre os movimentos do jato e as ações e o estado dos pilotos.

PUBLICIDADE

Em janeiro, um enorme jato da Japan Airlines colidiu com um avião da guarda costeira no Aeroporto de Haneda, em Tóquio. Todos a bordo do jato comercial sobreviveram, mas cinco pessoas na aeronave menor morreram. O ano também foi marcado por um caso fatal de turbulência severa em maio em um jato da Singapore Airlines Ltd. que sobrevoava Myanmar.

Em julho, a Saurya Airlines do Nepal caiu após decolar de Katmandu, e matou 18 pessoas. E em agosto, imagens dramáticas de um avião operado pela companhia aérea brasileira VoePass que caiu do céu após encontrar condições climáticas adversas chamou atenção. Esse acidente matou 62 pessoas.

Os conflitos globais também podem ter contribuído para as fatalidades na aviação deste ano. O Embraer SA 190 da Azerbaijan Airlines estava prestes a completar um voo programado da capital Baku para Grozny, na Rússia, em 25 de dezembro, quando foi subitamente desviado para o outro lado do Mar Cáspio.

O avião danificado caiu a cerca de 3 quilômetros (1,9 milhas) de seu destino, Aktau, no Cazaquistão. O presidente do Azerbaijão disse que o avião foi acidentalmente abatido pela Rússia.

Leia mais: Defesa russa é suspeita por queda de avião Embraer da Azerbaijan Air, diz agência

O pico de fatalidades marca uma reversão em relação a 2023, que se tornou o ano mais seguro de todos os tempos na aviação, sem fatalidades entre os grandes aviões de passageiros - normalmente aviões fabricados pela Airbus SE e pela Boeing. A tendência de segurança demonstrou sinais de melhora mesmo com o aumento do tráfego aéreo após a pandemia.

O primeiro acidente fatal da Jeju Air também marcou o pior acidente aéreo civil de todos os tempos na Coreia do Sul.

Embora a aeronave da Jeju Air tenha sido quase totalmente destruída, os investigadores terão dados valiosos para trabalhar na reconstrução do evento. O dispositivo de dados de voo danificado pode levar mais tempo para ser analisado do que o gravador de voz da cabine de comando.

Veja mais em bloomberg.com