Atividade das fábricas na China tem contração em maio, ao contrário do esperado

Índice de gerentes de compras de manufatura (PMI) caiu para 49,5, indicando uma retração; dados são um alerta para o setor com mais peso na economia chinesa

China
Por Bloomberg News
31 de Maio, 2024 | 12:44 PM

Bloomberg — A atividade das fábricas da China encolheu em maio, ao contrário do esperado, em um sinal de alerta no setor da economia do qual o governo de Pequim mais depende para impulsionar o crescimento.

O índice oficial de gerentes de compras de manufatura (PMI) caiu para 49,5 pontos em maio, disse o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) nesta sexta-feira (31). O dado se compara a uma leitura de 50,4 pontos em abril e a uma previsão de 50,5, pontons segundo pesquisa da Bloomberg com economistas. Números acima de 50 indicam expansão.

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A reversão no setor de manufatura, após dois meses de avanços, sinaliza uma ameaça à meta de crescimento econômico da China, de cerca de 5% neste ano. Segmentos focados em exportação desempenham um papel crucial para atingir esse objetivo, já que o consumo interno ainda é afetado pela crise imobiliária.

Há um risco adicional no horizonte para os fabricantes chineses, em meio ao aumento das tensões com parceiros comerciais. Os EUA e a União Europeia — dois dos maiores mercados de exportação da China — acusam o governo de Pequim de criar excesso de capacidade em suas indústrias por meio de subsídios estatais. Com isso, começaram a impor novas barreiras comerciais que vão desacelerar vendas de produtos-chave como veículos elétricos, e ameaçam outras medidas.

“A recuperação impulsionada pela manufatura continua vulnerável”, disse Raymond Yeung, economista-chefe para a Grande China no Australia & New Zealand Banking Group. “Nos próximos meses, o crescente protecionismo comercial será um grande obstáculo.”

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Recentemente, o governo Biden impôs uma tarifa de 100% sobre carros elétricos chineses, além de outras taxas sobre uma variedade de importações, incluindo semicondutores e metais. A UE deve anunciar tarifas sobre veículos elétricos nas próximas semanas e está investigando subsídios chineses em outras áreas.

As exportações da China registraram crescimento sólido nos primeiros quatro meses do ano. Mas o subíndice PMI de novos pedidos de exportação mostrou retração em maio pela primeira vez em três meses. Um indicador dos preços dos insumos subiu para o nível mais alto em oito meses, refletindo o salto dos custos das commodities.

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Em comunicado que acompanhou a divulgação dos dados, Zhao Qinghe, analista do NBS, apontou “uma alta base de comparação devido à rápida expansão anterior na indústria” e “demanda efetiva insuficiente” como razões para a desaceleração em maio.

Para estimular a demanda interna, o governo chinês lançou um programa para incentivar as empresas a modernizarem seus equipamentos com investimento estatal, isenções fiscais e empréstimos subsidiados.

Há sinais de que os estímulos podem estar surtindo efeito. A produção nas indústrias de equipamentos gerais, computadores e telecomunicações se expandiu pelo terceiro mês consecutivo, enquanto novos pedidos de dispositivos ferroviários, de navegação e de aviação e máquinas elétricas continuaram a crescer em maio, segundo dados do NBS.

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O indicador da atividade não manufatureira em construção e serviços ficou em 51,1, informou o escritório de estatísticas. O dado se compara a uma estimativa de 51,5 e ao nível de 51,2 em abril.

“A surpreendente queda do PMI de manufatura da China para retração em maio levanta preocupações de que a demanda fraca esteja interrompendo a recuperação do lado da oferta da economia. O declínio deste indicador-chave ficou acima do típico para esta época do ano. A expansão da atividade não manufatureira também se desacelerou. Medidas de contrapeso no setor imobiliário devem fornecer suporte daqui para frente. Mas, sem estímulo, será difícil a recuperação ganhar tração”, disseram Chang Shu e David Qu, economistas da Bloomberg Economics.

O subíndice da atividade de construção caiu de 56,3 para 54,4. Essa desaceleração ocorreu após uma forte retomada no mês anterior, disse Bruce Pang, economista-chefe para a Grande China no Jones Lang LaSalle.

A demanda na indústria tende a melhorar nos próximos meses, disse, com um aumento nas vendas de títulos especiais locais — que são usados principalmente para financiar investimentos em infraestrutura —, bem como o apoio financeiro com diretrizes do governo para incorporadoras imobiliárias concluírem e entregarem projetos habitacionais.

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