Às vésperas de guerra comercial, economia do México tem maior queda desde 2021

Segunda maior economia da América Latina teve contração de 0,6% de outubro a dezembro na base trimestral, sob impacto de perda de força da demanda doméstica e do investimento privado

Carros no Porto de Mazatlan, no México: setor automotivo perdeu força nas exportações no fim de 2024
Por Maya Averbuch
21 de Fevereiro, 2025 | 11:20 AM

A economia mexicana registrou a maior contração trimestral desde 2021, com a perda de força da demanda doméstica e do investimento privado no momento em que aumentam as tensões com seu principal parceiro comercial, os Estados Unidos.

O Produto Interno Bruto caiu 0,6% nos três meses até dezembro, no mesmo ritmo do declínio de 0,6% relatado em dados preliminares divulgados pelo instituto nacional de estatísticas do país em 30 de janeiro. Na comparação com um ano atrás, o PIB cresceu 0,5%, menos do que a leitura preliminar de 0,6%, de acordo com os dados finais publicados nesta sexta-feira (21).

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A segunda maior economia da América Latina, sob o comando da presidente Claudia Sheinbaum desde junho passado, sofre com a perda de dinamismo nas exportações de produtos manufaturados, inclusive de itens fora de setor automotivo que é uma de suas forças, informou o banco central em um relatório nesta semana.

O Ministério da Fazenda também atribuiu parte da queda à seca que ocasionou o pior desempenho do setor agrícola em um quarto de século.

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PIB do México tem sua maior contração no fim de 2024 desde 2021

Em relação ao trimestre anterior, o setor agrícola encolheu 8,5%; o setor industrial, 1,5%, enquanto o de serviços cresceu apenas 0,2%.

Espera-se que a economia mexicana desacelere pelo quarto ano consecutivo em 2025, em meio a condições fiscais apertadas, juntamente com a preocupação com a incerteza política tanto no México quanto nos EUA de Donald Trump.

Atualmente, o México aguarda para saber se Trump cumprirá sua ameaça de impor uma tarifa global de 25% sobre suas exportações, depois de ter adiado a decisão no início de fevereiro.

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O que diz a Bloomberg Economics

“A redução dos gastos públicos, as políticas governamentais e a incerteza comercial dos EUA são os principais ventos contrários. As taxas de juros caíram, mas as condições monetárias ainda estão apertadas. As famílias têm uma vantagem devido à desaceleração da inflação e aos salários mais altos.”

Felipe Hernandez, economista da América Latina.

Projeções em queda

O banco central reduziu sua projeção para o crescimento do PIB em 2025 de 1,2% para 0,6% e manteve sua previsão para 2026 de 1,8%, de acordo com um relatório trimestral publicado nesta semana. Enquanto isso, a inflação anual desacelerou para 3,59% em janeiro, enquanto o núcleo da inflação ficou em 3,66%.

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“A economia está claramente em um ponto fraco, que continuará em 2025″, disse Carlos Capistran, economista-chefe do Bank of America para o Canadá e o México. “O Banxico [banco central] usará isso para cortar outros 50 pontos base em março, na ausência [até aqui] de tarifas gerais de 25%.”

-- Com a colaboração de Rafael Gayol.

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