Bloomberg — A Argentina pretende pedir ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para aumentar um desembolso planejado para o final deste mês, depois que o banco central foi forçado a desvalorizar o câmbio oficial em 18%, disse à Bloomberg News um funcionário de alto escalão do governo.
A quantia não foi especificada pela autoridade, que pediu anonimato.
A forte desvalorização do peso foi praticamente inevitável depois que a surpresa eleitoral de domingo (13) empurrou o dólar para níveis recordes nos mercados paralelos do país.
Javier Milei foi o candidato que se saiu melhor na eleição primária, que definiu oficialmente os concorrentes de cada partido para o pleito presidencial de 22 de outubro.
A decisão de enfraquecer a taxa de câmbio oficial para 350 pesos por dólar, ante 287 pesos na sexta-feira (11), foi tomada pelo governo para lidar proativamente com as pressões cambiais decorrentes da votação de domingo, disse o funcionário.
O FMI concordou em conceder à Argentina até US$ 10,8 bilhões em empréstimos até o final do ano, como parte de um acordo de refinanciamento intermediado pelo ministro da Economia, Sergio Massa, que também concorrerá à presidência nas eleições de outubro.
O primeiro pagamento de US$ 7,5 bilhões está previsto para o final de agosto, após aprovação do acordo pelo conselho executivo do Fundo.
O governo do presidente Alberto Fernández vinha resistindo às pressões por uma grande desvalorização da moeda para evitar alimentar uma inflação que já está altíssima às vésperas das eleições. Os preços ao consumidor já sobem mais de 115% ao ano.
No entanto, o funcionário disse que o governo espera que os efeitos do repasse da desvalorização de segunda-feira (14) sejam contidos e talvez até mais brandos do que em ocasiões anteriores.
Os mercados estavam se preparando para uma desvalorização de nada menos que 20% nas últimas semanas. A diferença entre as taxas oficial e paralela continua grande, sinalizando que outro ajuste será necessário no futuro.
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