Argentina pagará parcela ao FMI, enquanto tenta renegociar acordo bilionário

Ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que governo de Javier Milei pagará US$ 912 milhões devidos ao Fundo Monetário Internacional na próxima semana

Inauguration of Argentine President Javier Milei
Por Manuela Tobias e Patrick Gillespie
14 de Dezembro, 2023 | 06:42 PM

Bloomberg — A Argentina pagará US$ 912 milhões devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na próxima semana, enquanto busca renegociar o acordo de US$ 44 bilhões do país, de acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo.

Em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo esta semana, Caputo afirmou que a administração do Presidente Javier Milei honrará o pagamento apesar de repetir em ocasiões anteriores que “não há mais dinheiro”. Ele não deu detalhes sobre as mudanças que o governo gostaria de fazer no programa do FMI, nem disse de onde virão os fundos para efetuar o pagamento em 21 de dezembro.

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“Estamos reformulando o acordo que já havia fracassado”, disse Caputo a uma emissora de TV local na quarta-feira. “Vamos pagar a maturidade ao FMI.”

Esses foram os primeiros comentários de Caputo desde que ele apresentou os planos econômicos iniciais da nova administração, incluindo uma massiva desvalorização da moeda e uma série de cortes de gastos destinados a eliminar o déficit fiscal primário no próximo ano.

A diretora administrativa do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que o fundo credor sediado em Washington apoia as “medidas decisivas” propostas pela administração de Milei. O governo espera pagar o FMI usando recursos do banco de desenvolvimento da América Latina conhecido como CAF, de acordo com autoridades governamentais sêniores.

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Os investidores também receberam positivamente as medidas de Caputo. Os títulos em dólares do país atingiram máximas de dois anos, enquanto a taxa de câmbio paralela permaneceu estável na quarta-feira, permitindo uma significativa redução da diferença em relação à taxa oficial.

Caputo afirmou que o mercado compreendeu o que ele descreveu como um plano de estabilização ortodoxo, chamando a reação positiva de uma “votação de confiança”.

Para reduzir o déficit fiscal, Caputo afirmou que a Argentina cortará gradualmente os subsídios à energia e ao transporte a partir de fevereiro ou março, enquanto o governo busca eliminar distorções econômicas que alimentam a inflação. O desmantelamento dos subsídios levará vários anos, acrescentou.

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Caputo não descartou a possibilidade de tumultos sociais devido às novas medidas, mas assegurou que a administração de Milei está preparada para enfrentar aqueles que as resistem.

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