Argentina busca antecipar parte de novo acordo de US$ 20 bi com FMI, dizem fontes

Governo de Javier Milei tem priorizado o tamanho do primeiro desembolso de olho em reforçar as reservas do banco central, segundo fontes disseram à Bloomberg News

A Argentina busca um desembolso adiantado que represente uma grande parte de seu futuro programa de US$ 20 bilhões com o FMI
Por Jorgelina do Rosario - Eric Martin
27 de Março, 2025 | 05:27 PM

Bloomberg — A Argentina busca uma antecipação de desembolso que represente uma grande parte de seu futuro programa de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no momento em que as negociações agora se concentram no tamanho e no cronograma dos desembolsos, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

O tamanho do primeiro desembolso da Argentina tornou-se a questão mais importante das negociações nesse estágio, de acordo com uma pessoa que pediu para não ser identificada porque as negociações são privadas.

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O valor exato que a Argentina solicita não está claro, e nenhuma decisão final foi tomada, já que as negociações estão em andamento.

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Os empréstimos do FMI geralmente são desembolsados gradualmente ao longo de vários anos, e os países precisam cumprir determinados padrões de referência ao longo do tempo.

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Emprestar mais dinheiro à Argentina mais cedo, o que é conhecido como antecipação, é um ponto importante nas negociações, dado que o país pretende fortalecer suas reservas internacionais.

O Tesouro planeja usar parte do financiamento do FMI para pagar sua dívida com o banco central sob as chamadas notas não transferíveis. O pagamento permitiria recapitalizar seu banco central.

O Ministério da Economia da Argentina não respondeu a um pedido de comentário da Bloomberg News sobre quanto dinheiro o país busca antecipadamente no programa.

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A assessoria de imprensa do FMI referiu-se aos comentários da porta-voz-chefe Julie Kozack, na quinta-feira (27), de que o ritmo e o tamanho dos desembolsos ainda estão sendo negociados.

"Como em todos os nossos programas, os desembolsos serão feitos em parcelas ao longo da duração do programa. Mas a fase exata e o tamanho de cada parcela também fazem parte, é claro, das discussões que estão em andamento", disse Kozack.

Investidores globais observam atentamente esse detalhe do programa depois que o ministro da Economia, Luis Caputo, confirmou na manhã de quinta-feira que o acordo totalizará US$ 20 bilhões, o que a Bloomberg News havia informado anteriormente.

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Antes das observações separadas de Caputo e Kozack, o Morgan Stanley disse mais cedo na quinta-feira que seu cenário básico é que o programa desembolse US$ 5 bilhões antecipadamente em 2025, de acordo com um relatório assinado sob a liderança do economista Fernando Sedano.

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O banco também espera outros US$ 5 bilhões de outras instituições financeiras internacionais.

Caputo acrescentou que o conselho executivo do FMI pode levar semanas para aprovar um novo empréstimo, sem fornecer um cronograma específico.

Reservas podem dobrar

O ministro também disse que os fundos combinados do FMI, do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do banco regional CAF colocariam as reservas do banco central da Argentina perto de US$ 50 bilhões. Atualmente, as reservas estão em US$ 26,2 bilhões.

As negociações sobre a antecipação de pagamentos dominaram os dois últimos acordos da Argentina com o FMI, em 2018 e 2022, que não foram suficientes para estabilizar a economia.

Em 2018, o FMI concordou em conceder à Argentina mais dinheiro adiantado e aumentar o tamanho total do programa para US$ 57 bilhões, uma medida que acabou desperdiçando bilhões de dólares depois que uma eleição presidencial tirou o acordo dos trilhos e desencadeou uma venda de moeda.

Quatro anos depois, o governo seguinte recebeu US$ 9,8 bilhões no primeiro desembolso do FMI como parte de um acordo total de US$ 45 bilhões para refinanciar o anterior.

Poucos meses antes da eleição presidencial no fim de 2023, a Argentina garantiu US$ 7,5 bilhões do FMI ao combinar dois desembolsos em um, mesmo com o governo violando repetidamente as regras do programa.

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