Bloomberg — O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy saudou o potencial para uma “paz confiável e duradoura” depois de conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Vaticano.
“Discutimos muito em reunião privada. Esperamos resultados a partir de tudo o que abordamos”, disse Zelenskiy no X. “Uma reunião muito simbólica que tem potencial para se tornar histórica, se alcançarmos resultados conjuntos.”
A reunião de 15 minutos ocorreu pouco antes do funeral do Papa Francisco, enquanto Trump pressiona por um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia para encerrar o mais longo conflito europeu desde a 2ª Guerra Mundial.
Enquanto a Casa Branca chamou a discussão de “produtiva”, Trump posteriormente criticou o presidente russo em uma mídia social, dizendo que Putin pode estar protelando para evitar encerrar a guerra e sugerindo que mais sanções podem ser necessárias.
“Não há razão para Putin estar lançando mísseis em áreas civis” nos últimos dias, Trump publicou enquanto retornava aos EUA. “Isso me faz pensar que talvez ele não queira parar a guerra, está apenas me enrolando, e precisa ser tratado de maneira diferente, através de ‘Bancos’ ou ‘Sanções Secundárias’?”
Um porta-voz do gabinete presidencial da Ucrânia disse que uma possível segunda rodada de conversações, apresentada anteriormente, não aconteceu.
As agendas dos dois líderes estavam muito apertadas, disse o porta-voz de Zelenskiy, Serhiy Nykyforov. Trump está agora a caminho dos EUA.
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O encontro ocorreu no momento em que Trump aumenta a pressão por um acordo de paz que os críticos temem que possa favorecer a Rússia em sua tentativa de chegar a um acordo até 30 de abril, a marca de 100 dias de seu segundo mandato na Casa Branca.
A reunião de sábado foi a primeira desde as conversas controversas no Salão Oval no final de fevereiro.
Zelenskiy também se reuniu em Roma com o presidente francês Emmanuel Macron e planejava se reunir com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia.
O funeral do Papa Francisco contou com a presença de dezenas de delegações internacionais, muitas das quais esperavam ter acesso ao líder americano, que fez sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo em janeiro.
A viagem de Zelenskiy ao Vaticano ocorreu após um grande ataque russo à capital ucraniana, Kiev, e à cidade de Kharkiv, no leste do país, que matou pelo menos 12 pessoas.
O ataque de quinta-feira, o maior ataque aéreo da Rússia na Ucrânia este ano até o momento, levou o líder ucraniano a retornar mais cedo de uma visita à África do Sul.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, reuniu-se com o presidente russo Vladimir Putin em Moscou na sexta-feira (25) pela quarta vez desde a posse.
No mesmo dia, Zelenskiy pareceu fazer uma abertura para Trump quando reconheceu que as forças ucranianas seriam incapazes de recuperar o controle sobre a Crimeia, dizendo que os EUA não terão que enviar tropas como parte das garantias de segurança, mas poderiam fornecer inteligência e capacidades antiaéreas.
As propostas de Washington incluem o reconhecimento da anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e o congelamento do conflito em grande parte ao longo das linhas de batalha existentes, deixando Putin no controle de grande parte do leste e do sul da Ucrânia, informou a Bloomberg News.
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Também seria exigido que Kiev abandonasse seu objetivo de entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Trump disse na quinta-feira (24) que está “exercendo muita pressão sobre ambos” os lados da guerra.
Perguntado sobre as concessões que a Rússia ofereceu, Trump disse: “Parar a guerra, parar de tomar todo o país - uma grande concessão”.
Moscou não conseguiu tomar a capital da Ucrânia e derrubar seu governo quando lançou sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022 - no que foi concebido como uma potencial “operação militar especial” de semanas - devido à forte resistência de Kiev.
Embora o exército russo controle atualmente cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, ele não avançou significativamente nos últimos dois anos.
As forças do Kremlin tomaram menos de 1% das terras ucranianas em 2024, apesar das enormes perdas de pessoal e equipamentos durante uma campanha terrestre intensa no leste da Ucrânia.
-- Com a colaboração de Chiara Albanese.
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