Adversária de Maduro em eleição já procura Wall St para renegociar dívida

Venezuela terá eleições presidenciais neste ano, e María Machado oferecerá troca de dívida por participações em estatais que seriam privatizadas

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Bloomberg — A principal candidata da oposição na Venezuela nas eleições deste ano, María Corina Machado, apresentará seu plano econômico, incluindo uma proposta de reestruturação da dívida do país, a economistas e detentores de títulos em Nova York no próximo mês.

María Machado está proibida de viajar pelo governo de Nicolás Maduro e apresentará seu plano virtualmente no dia 18 de julho, para um evento realizado na sede do Americas Society Council of the Americas, em Nova York.

No projeto, ela espera chegar a um “acordo amigável” que inclua uma reestruturação dos US$ 60 bilhões em títulos inadimplentes da Venezuela emitidos pelo governo e pela estatal petrolífera PDVSA, de acordo com uma cópia do programa do evento obtida pela Bloomberg.

A Venezuela deixou de pagar as dívidas a partir de 2017, dois anos antes de os EUA cortarem os laços com o governo de Maduro e proibir investidores americanos de comprar a dívida do país, o que efetivamente secou o mercado e empurrou os preços dos títulos para até 3 centavos.

“A iniciativa parece colocar de volta alguma prioridade na reconstrução de um desenvolvimento econômico sustentável da Venezuela, necessário após um longo isolamento”, disse Francesco Marani, chefe de negociação da Auriga Global Investors, com sede em Madri. “Não há recuperação rápida e sustentável sem um acordo com o setor privado.”

O plano de reestruturação de María Machado inclui a troca de dívida soberana por propriedade ou participações em empresas estatais que seriam privatizadas sob seu mandato. Mas o tempo para qualquer negociação está se esgotando, já que o prazo de seis anos para a dívida prescrever está prestes a expirar e os credores seriam forçados a entrar com uma ação judicial para proteger seus direitos de pagamento.

Buscando ganhar tempo, o governo Maduro propôs a suspensão da prescrição em maio, mas a decisão não é válida enquanto seu governo permanecer ilegítimo sob a lei dos EUA. A oposição, porém, autorizada pelos Estados Unidos a representar a Venezuela, ainda não apresentou seu plano sobre o assunto.

A proposta de Machado, que é descrita como “estabilização expansiva”, também visará medidas para reduzir o déficit fiscal do país e abordar o setor de energia da Venezuela.

De acordo com as pesquisas mais recentes, María Machado lidera um grupo de 14 candidatos da oposição nas primárias de 22 de outubro, à frente de outros candidatos populares, como o ex-governador e duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles.

Maduro, amplamente esperado para concorrer a um terceiro mandato, ainda não definiu uma data para a votação ou convidou observadores estrangeiros para supervisionar a eleição.

Pesquisas recentes sugerem que a popularidade de Machado tem aumentado, com a intenção de voto nas primárias que passou de 35,4% em novembro passado para 46,4% em maio, de acordo com a última pesquisa da empresa ORC Consultores, de Caracas.

María Machado, que tem feito campanha em todo o país, está planejando grandes comícios em Barinas, cidade natal do falecido Hugo Chávez, esta semana.

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