Bloomberg — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordou em adiar por um mês a aplicação de tarifas de 25% sobre o Canadá e o México, após ambos os vizinhos aceitarem tomar medidas mais rígidas para combater a migração e o tráfico de drogas na fronteira, afastando, pelo menos por enquanto, uma guerra comercial no continente.
Trump e o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau anunciaram o acordo na segunda-feira (3) em postagens separadas nas redes sociais, no final da tarde, no horário de Washington, com várias concessões por parte do governo canadense. O Canadá nomeará um novo “czar do fentanil”, classificará cartéis como terroristas e lançará uma “força-tarefa” conjunta com os EUA para combater o crime organizado, o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro, disse Trudeau em uma publicação na rede X.
Leia também: EUA e México chegam a acordo ‘de última hora’ para adiar tarifas por um mês
Trudeau também afirmou que assinou uma nova “diretriz de inteligência” sobre crime organizado e fentanil. Além disso, o Canadá seguirá com um plano de 1,3 bilhão de dólares canadenses (US$ 901 milhões), anunciado em dezembro, para reforçar a segurança na fronteira, incluindo a adição de helicópteros, disse o primeiro-ministro.
Trump declarou vitória, mas sugeriu que negociações difíceis ainda estão por vir. “Estou muito satisfeito com este resultado inicial, e as tarifas anunciadas no sábado serão suspensas por um período de 30 dias para verificar se um acordo econômico final com o Canadá pode ser estruturado”, disse o presidente, que tem como alvo o déficit comercial dos EUA com o Canadá.
Tensão adiada
Anteriormente, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e Trump concordaram que o México enviaria 10.000 oficiais da Guarda Nacional para a fronteira para ajudar a conter o fluxo de fentanil e a migração para os EUA, uma exigência fundamental de Trump para evitar a aplicação de tarifas.
A notícia afastou, pelo menos temporariamente, os três parceiros comerciais da América do Norte da beira de uma grande guerra comercial, que, segundo economistas, poderia prejudicar o crescimento dos EUA, agravar a inflação e possivelmente levar o Canadá e o México à recessão.
O dólar canadense subiu mais de 1% com a notícia e foi negociado a C$1,4418 por dólar americano às 17h49 no horário de Nova York.
Leia também: Estas são as três lições a serem tiradas das tarifas impostas por Trump
No sábado (1º), Trump assinou uma ordem executiva impondo tarifas de 25% sobre quase todas as exportações canadenses para os EUA, com exceção dos produtos energéticos, que enfrentariam uma tarifa menor, de 10%.
Horas depois, Trudeau prometeu um pacote de retaliação que imporia tarifas de 25% sobre 30 bilhões de dólares canadenses em importações dos EUA a partir de terça-feira e sobre outros 125 bilhões de dólares canadenses em produtos americanos em 21 dias.
Governos provinciais em todo o Canadá também anunciaram medidas retaliatórias. Vários ordenaram a remoção de cervejas, vinhos e bebidas alcoólicas fabricadas nos EUA das prateleiras das lojas, e alguns anunciaram que dificultariam o acesso de empresas americanas a contratos públicos.
Além disso, houve um aumento na retaliação popular por parte dos canadenses, incluindo campanhas lideradas por cidadãos nas redes sociais incentivando o boicote a produtos dos EUA e vaias estrondosas ao hino nacional americano em jogos de hóquei e basquete no Canadá.
Veja mais em Bloomberg.com
©2025 Bloomberg L.P.