Acidente com avião da Jeju Air deixa 179 mortos na Coreia do Sul

Aeronave caiu e pegou fogo ao pousar sem os trens de pouso no Aeroporto Internacional de Muan, no sul do país; segundo autoridades, um impacto com aves é investigado como uma das causas do acidente

Jeju Air Jet Crashes in South Korea
Por Heejin Kim - Danny Lee - Sarina Yoo
29 de Dezembro, 2024 | 09:21 AM

Bloomberg — Um avião Boeing 737-800 operado pela Jeju Air caiu e pegou fogo após derrapar na pista de um aeroporto na Coreia do Sul, matando a maioria das 181 pessoas a bordo, em um dos piores desastres aéreos da história do país.

O voo 2216 transportava 175 passageiros e seis tripulantes de Bangkok para o Aeroporto Internacional de Muan, no sul do país, segundo autoridades. Das pessoas a bordo, 179 morreram e apenas dois comissários de bordo sobreviveram, informou a Yonhap.

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O piloto emitiu um chamado de emergência “mayday” minutos antes do pouso, após o avião sofrer um impacto com aves, segundo autoridades. A aeronave abortou uma primeira tentativa de pouso e, em seguida, aterrissou sem o trem de pouso abaixado, deslizando pela pista em alta velocidade antes de atingir uma parede no final da pista e explodir.

O acidente pode se tornar o pior desastre aéreo envolvendo passageiros na Coreia do Sul até hoje e ocorre em meio a uma crise política em Seul, após o presidente provocar indignação pública ao impor brevemente a lei marcial no início deste mês.

A torre de controle de Muan havia alertado sobre o risco de colisão com aves às 8h57, cerca de dois minutos antes do piloto declarar emergência, informaram autoridades de transporte em uma coletiva. Minutos depois, o acidente ocorreu.

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Colisões com aves, nas quais um animal é sugado para a turbina ou atinge outras partes de um avião em voo, podem causar danos significativos e falhas subsequentes nos motores. No entanto, raramente são fatais, já que os aviões são projetados para operar com apenas um motor por algum tempo. Em 2009, um Airbus A320 pousou no Rio Hudson, em Nova York, após uma colisão com pássaros danificar ambos os motores, no evento conhecido como “Milagre no Hudson”, em que todos a bordo sobreviveram.

O Boeing 737-800 envolvido no acidente é um dos modelos mais utilizados e confiáveis da indústria. A aeronave, predecessora da versão mais recente Boeing Max, conta com mais de 4.000 unidades em serviço.

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O avião de 15 anos, registrado como HL8088, entrou em serviço com a Jeju Air em 2017. Ela foi inicialmente entregue em 2009 à companhia aérea irlandesa de baixo custo Ryanair Holdings, de acordo com o banco de dados do site Planespotters.net. O avião foi configurado para acomodar até 189 passageiros. Fundada em 2005, a Jeju Air opera 42 aeronaves, segundo seu site.

O avião passava por manutenções regulares e não havia sinais de mau funcionamento durante as inspeções, afirmou Kim E-Bae, CEO da Jeju Air, em uma coletiva de imprensa. Ele evitou especular sobre as causas do acidente e pediu que se aguardasse a investigação oficial para determinar o ocorrido.

Dois passageiros do voo 2216 eram cidadãos tailandeses. As autoridades ainda verificavam outras nacionalidades além de sul-coreanos, de acordo com o Ministério dos Transportes. As duas pessoas sobreviventes eram comissárias de bordo e foram levadas ao hospital, disseram autoridades.

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O avião retornava de Bangkok em um voo de 4 horas e meia durante a noite. Ele havia decolado de Muan para a capital tailandesa na noite de sábado, em um serviço típico de companhias aéreas de baixo custo. Muan é um pequeno aeroporto regional inaugurado em 2007, projetado para conectar cidades como Gwangju e Mokpo. Este ano, aumentou sua oferta de voos internacionais regulares, incluindo os da Jeju Air.

O número de mortos no acidente superou o de um acidente da Air China perto da cidade sul-coreana de Busan, em 2002, que deixou 129 mortos, segundo a Aviation Safety Network. O acidente também está entre os piores do mundo nesta década.

A agência de bombeiros informou que a maior parte do avião foi destruída, exceto por parte da cauda. Passageiros foram arremessados no impacto com a parede, informou a Yonhap, citando um oficial que afirmou que as chances de sobrevivência eram extremamente baixas e que a identificação das vítimas é difícil. A Boeing disse estar em contato com a Jeju Air e pronta para apoiar a companhia aérea.

As autoridades recuperaram tanto os gravadores de dados de voo quanto os gravadores de voz da cabine, conhecidos como caixas-pretas, que contêm estatísticas vitais e métricas de desempenho do voo, além de gravações de conversas e sons na cabine.

Mais de 1.500 pessoas, incluindo policiais, militares, guardas costeiros e funcionários do governo local estavam trabalhavam no local do acidente, informou o Ministério de Terras, Infraestrutura e Transporte. A pista do aeroporto permanecerá fechada nos próximos dias.

O acidente é o segundo grande desastre aéreo em menos de uma semana. Um incidente no espaço aéreo russo resultou na queda de uma aeronave de passageiros da Azerbaijan Airlines em 25 de dezembro, matando dezenas.

Incidentes anteriores

Depois de um ano sem nenhum acidente fatal envolvendo aeronaves comerciais de grande porte em 2023, este ano viu um aumento no número de casos. No início de janeiro, um Airbus A350 da Japan Airlines colidiu com um pequeno avião parado em uma pista em Tóquio, matando cinco ocupantes do avião que estava parado.

Poucos dias depois, uma porta se soltou em pleno voo em um Boeing 737 Max 9 nos EUA. Embora ninguém tenha morrido no acidente, o episódio colocou a fabricante americana em crise devido à revelação de falhas graves de fabricação.

Em agosto, um avião menor do tipo ATR, operado pela brasileira VoePass, caiu perto de Vinhedo, em São Paulo, matando 58 passageiros e quatro tripulantes.

-- Com a colaboração de Aradhana Aravindan.

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