Verde reduz aposta em dólar e zera posição em inflação com fiscal e EUA no radar

Em carta aos cotistas neste mês, a gestora de Luis Stuhlberger destacou que o ‘BC parece ter percebido que a credibilidade é um fator importante na formação de expectativas’

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Bloomberg Línea — Um tom mais duro do Banco Central sobre o rumo da política monetária, bem como preocupações com o cenário fiscal doméstico, levou a Verde Asset a reduzir a posição comprada (aposta na alta) em dólar e as alocações em inflação implícita, à espera de um melhor momento para retomá-las.

“O país continua tendo dificuldades com um modelo econômico que privilegia o acelerador fiscal, demandando o freio monetário”, destacou a gestora de Luis Stuhlberger, que reiterou os desafios fiscais no país.

A asset, que administra cerca de R$ 23 bilhões em ativos, avalia que o governo entregou contingenciamento e bloqueio de despesas “no limite inferior do necessário para manter alguma credibilidade”. “Ainda assim, não parece haver vontade política de se colocar à frente do problema”, escreveu.

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Já com relação à política monetária, a Verde afirma que o “Banco Central parece ter percebido que credibilidade é um fator importante na formação de expectativas e sinalizou um tom mais duro em comunicados e discursos recentes”.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic em 10,50% ao ano, os membros do colegiado foram mais enfáticos ao dizerem que o BC “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta, se julgar apropriado”. A autoridade monetária, contudo, não forneceu guidance.

Declarações de membros do BC, desde o presidente Roberto Campos Neto até o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, cotado para sucedê-lo, reforçaram as apostas de que uma alta da Selic esteja na mesa.

A redução na exposição ao dólar também foi uma estratégia adotada por outras gestoras, como a SPX Capital, de Rogério Xavier, que administra quase R$ 60 bilhões em ativos.

O multimercado Nimitz, o carro-chefe da casa, possui “posições adequadas a um cenário de desaceleração global com pouca exposição ao dolar americano” no mercado de moedas, disse a gestora em carta enviada a cotistas, segundo a Bloomberg News.

Entre as demais posições, o fundo Verde manteve suas alocações em ações, tanto no Brasil quanto em nível global. A alocação comprada (aposta na alta) em juro real nos EUA ficou inalterada, enquanto a posição em inflação implícita no Brasil foi zerada. Foi iniciada, contudo, uma posição relativa entre a inflação americana e a europeia.

Desempenho

O fundo teve ganhos de 1,44% em julho, acima da variação de 0,91% do CDI. No acumulado de 2024, o fundo avança 3,87%, enquanto o principal benchmark de renda fixa tem alta de 6,18%.

No período, o fundo Verde teve ganhos na posição de juros reais nos EUA, no livro de ações e nos livros de trading e crédito. Já as perdas vieram das posições em moedas e da pequena exposição em petróleo.

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