‘Como falar Faria Limês’: quem são as mulheres que trabalham no mercado financeiro

Carolina Cavenaghi, da Fin4She, Louise Barsi, da AGF, e Sigrid Guimarães, da Alocc, são as convidadas do segundo episódio do novo videocast da Bloomberg Línea; confira o programa

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Bloomberg Línea — A presença de mulheres no mercado financeiro, tanto como investidoras quanto como profissionais, tem sido objeto de análise e debate nos últimos anos. Apesar do notável crescimento no número total de investidores cadastrados na B3, a bolsa de valores brasileira, com um salto de 564 mil em 2014 para 5,8 milhões em 2024, as mulheres ainda representam apenas 24% desse universo. Esse padrão também é observado no Tesouro Direto, em que apenas 27% dos 26,6 milhões de investidores cadastrados são mulheres.

Essa disparidade de gênero no acesso ao mercado de investimentos não significa, no entanto, uma falta de engajamento. Um estudo realizado pela B3 nos últimos anos revelou algumas características e preferências das investidoras, indicando que, embora elas sejam numericamente menos representadas, seus investimentos tendem a ser de valores mais altos em comparação com os homens.

O aumento do protagonismo de mulheres no mercado financeiro e outras questões relacionadas foram tratadas no segundo episódio do videocast “Como Falar Faria Limês”, da Bloomberg Línea, comandado pela editora Ana Carolina Siedschlag.

O programa teve como convidadas Carolina Cavenaghi, fundadora da Fin4She, Louise Barsi, investidora profissional e sócia da AGF e Sigrid Guimarães, CEO do family office Alocc.

Sigrid Guimarães entrou no mercado financeiro por acaso. Ela começou em uma vaga de estágio na tesouraria do Grupo Globo, no Rio de Janeiro, se identificou com o trabalho e, depois de prestar consultoria informal para algumas amigas sobre investimentos, criou o próprio escritório para gerir recursos de terceiros.

No seu trabalho, o desafio é gerir o patrimônio de famílias e ajudá-las a construir uma estrutura financeira rentável e sólida. Ela contou que, nos últimos anos, o perfil das clientes mulheres tem mudado: se antes chegavam com frequência por meio de maridos ou pais, agora buscam assessoria por conta própria e querem estar mais ativamente no processo de decisão sobre como alocar seus recursos.

Segundo o estudo da B3, apesar de ingressarem em menor número na bolsa, as mulheres investem valores significativamente mais altos do que os homens na mediana. Em 2018, por exemplo, o primeiro investimento das mulheres na mediana era de R$ 3.547, em comparação com R$ 2.028 dos homens.

Essa tendência persiste, com a mediana dos valores do primeiro investimento sendo de R$ 167 para elas e R$ 62 para eles, depois de uma queda expressiva nas cifras com o aumento da base.

A faixa etária das mulheres que investem em renda variável também é diversificada, com uma concentração significativa entre 25 e 39 anos, seguida pela faixa dos 40 a 59 anos. Notavelmente, nos últimos cinco anos, houve um aumento expressivo no número de investidoras jovens, entre 18 e 24 anos.

Louise Barsi, sócia da AGF, uma plataforma de educação financeira, contou sobre os desafios de passar à frente o conhecimento necessário para a especialização no mercado financeiro, principalmente quando o assunto fica mais aprofundado em termos técnicos - como na área de dividendos, que é uma de suas especialidades.

“É um assunto árido. Apesar de as pessoas se interessarem mais por dividendos, faz parte passar esse conteúdo. Nem todo mundo tem recursos para comprar um curso nosso, então estar em um podcast é uma maneira de trazer alguém para a base que possa se interessar por isso”, contou Louise, que disse já ter participado de mais de 100 podcasts como maneira de atrair mais público para o mercado.

Louise Barsi tem quase um milhão de seguidores nas redes sociais, em que compartilha trechos desses programas que explicam vários termos do mercado.

Um estudo realizado pela Anbima (associação de entidades do mercado de capitais) em parceria com o IBPAD revelou que, apesar de haver uma subrepresentação, mulheres influenciadoras de finanças têm uma capacidade maior de engajar a audiência nas redes sociais do que os homens. Alcançam, por exemplo, uma média de interações mais alta em suas publicações.

Esse é um dos trabalhos da empreendedora Carolina Cavenaghi, à frente de uma plataforma de conexão de mulheres no universo financeiro. Ela foi apontada como uma das 50 Mulheres de Impacto da América Latina pela Bloomberg Línea na edição da lista em 2023.

Em março, ela lançou, em parceria com a Anbima, o Young Women Summit 2024, programa de mentoria e formação de mulheres para o mercado.

O programa de desenvolvimento e capacitação reúne 25 jovens que receberão apoio para aplicar para provas de certificação para trabalhar em profissões especializadas.

Como Falar Faria Limês

A conversa com as três profissionais do mercado financeiro faz parte do videocast Como Falar Faria Limês, nova série da Bloomberg Línea que é gravada nos estúdios da B3, em São Paulo. A série com oito episódios tem como convidados profissionais de diferentes áreas para mergulhar no coração do mundo financeiro e corporativo brasileiro de forma divertida, acessível e esclarecedora.

Os debates abordam desde conceitos fundamentais de negócios até questões sociais e culturais, incluindo a presença de mulheres na Faria Lima e o espaço da comunidade LGBTQIA+. O primeiro episódio, sobre startups e venture capital, também está disponível no YouTube e no Spotify.

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