Ações da América Latina ganham preferência entre ativos de emergentes

Papeis listados em bolsas da região atingem o nível mais alto versus os de outros emergentes desde 2009, com estrategistas apontando diferentes razões

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Bloomberg — As ações latino-americanas atingiram o nível mais alto desde 2009 em relação às bolsas de outras regiões emergentes, impulsionadas pela distância de grandes conflitos geopolíticos, proximidade com os Estados Unidos, expectativas de cortes de juros do Federal Reserve em 2024 e espaço para estímulo em suas próprias economias.

Uma análise comparativas de índices de referência mostra o melhor desempenho da América Latina em 14 anos frente ao Leste Europeu, ao Oriente Médio e a África. E, pela primeira vez nesse período, as ações da região caminham para um segundo ano consecutivo de ganhos superiores aos papéis de mercados emergentes da Ásia.

As maiores contribuições para a alta do índice MSCI EM Latin America neste ano vieram de Petrobras (PETR3, PETR4), Fomento Economico Mexicano e Itaú Unibanco (ITUB4), levando em consideração o peso dos papéis no índice.

Entre as maiores altas estão também Ultrapar (UGPA3), Banco do Brasil (BBAS3), Vibra Energia (VBBR3), BTG Pactual (BPAC11) e Natura (NTCO3).

“Atualmente, a América Latina parece ter uma vantagem”, disse Nenad Dinic, estrategista de renda variável do Julius Baer em Zurique. Leste Europeu, Oriente Médio e África continuam mais vulneráveis aos riscos geopolíticos, acrescentou.

As estimativas de lucros para os membros do MSCI EM Latin America, com forte peso para as ações brasileiras, estão no nível mais alto em um ano, enquanto os múltiplos de preço são metade do que eram há três anos.

“O Brasil embarcou em um ciclo agressivo de redução de juros, enquanto a melhora das perspectivas fiscais reforçou a confiança dos investidores”, disse Dinic.

“Por outro lado, a economia do México se beneficiou da narrativa do nearshoring”, disse em referência ao movimento de empresas americanas de abrir fábricas no México para aproveitar os custos baixos, sem os riscos logísticos e políticos de unidades em países como a China.

Os mercados latino-americanos também se beneficiam do carry trade.

“Os mercados latino-americanos são mais sensíveis aos yields dos EUA do que os do Oriente Médio, onde muitos países têm câmbio atrelado ao dólar e, portanto, o carry trade não é um impulsionador de suas moedas ou ações”, disse Ashish Chugh, gerente financeiro da Loomis Sayles.

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