Bloomberg — No Masters do Augusta National Golf Club, no qual os melhores golfistas do mundo jogaram nesta semana, as ações de marketing ruidosas e propagandas que caracterizam a maioria dos grandes eventos esportivos são proibidas. Não há marca de patrocinador no placar ou banners corporativos.
É uma visão sofisticada de que nenhuma questão de negócios deve atrapalhar ou arruinar a beleza natural da região no estado americano da Geórgia, cujas colinas exuberantes, azáleas e árvores floridas são tão lendários quanto os golfistas que já ganharam o cobiçado blazer verde concedido apenas aos vencedores do torneio - the green jacket.
No entanto, a cidade de Augusta, onde o torneio acontece, abriga de um dos mais poderosos encontros empresariais anuais do mundo.
Se Davos, na Suíça, serve como palco do encontro dos principais nomes da economia global e Sun Valley é onde magnatas fecham negócios bilionários, então o Augusta National é onde a elite empresarial se reúne para compartilhar um laço comum: a paixão pelo golfe.
“É um ‘quem é quem’ de celebridades e poder aqui”, disse Guy Lewis, enquanto mostrava seu anel do Houston Astros de campeão da World Series - o título da Major League Baseball - a um amigo (ele é o dentista da equipe.) “Há todo tipo de pessoas aqui, mas não há pretensão e nem comercialismo. É mais um evento puro.”
No aeroporto de Daniel Field, próximo do local, jatos privados e corporativos têm chegado nesta semana, um após o outro, antes do início das partidas de golfe do dia.
“Tem sido uma loucura”, disse Julia Daniel, que trabalha dentro do pequeno terminal de passageiros. “Ficamos ocupados quando os executivos voam de manhã e quando partem à noite.”
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Dentro dos portões do Augusta National, fica o Grande Carvalho (”Big Oak”). É uma árvore maciça que foi plantada várias décadas antes de o cofundador do clube, o lendário Bobby Jones, ficar sob sua copa em 1931 e imaginar transformar o que era então um viveiro no que se tornaria o Augusta National.
Muitos dos membros do clube circulam em torno do Grande Carvalho, onde cumprimentam convidados VIP e celebridades, todos os quais têm acesso especial permitindo que fiquem sob a árvore.
“Aqui é onde eu escapo do trabalho”, disse Brian Roberts, CEO da Comcast e membro do Augusta.
Todos os membros do clube — uma lista que inclui Bill Gates, Warren Buffett e Ginni Rometty — devem usar seus blazers verdes quando estão em campo durante o torneio. Portanto, para os executivos acostumados a serem protegidos do público, não há esconderijo à vista.
David Grain, um empreendedor de private equity e um dos cerca de uma dúzia de membros negros em Augusta, destacou-se na multidão com seu casaco verde, enquanto conversava com Chris Womack, CEO do provedor de energia Southern Co.
Também com seu blazer verde, a ex-Secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice passou sob a grande árvore acompanhada por um pequeno séquito de convidados.
E uma das maiores golfistas femininas de todos os tempos, Annika Sorenstam, passou enquanto se dirigia a sua primeira tacada.
Nas proximidades, o ex-jogador da NFL Larry Fitzgerald conversava com os patronos, enquanto Mark Steinberg, agente de Tiger Woods, falava com Tim Finchem, ex-comissário do PGA Tour.
O torneio Masters tem apenas três patrocinadores corporativos: IBM (IBM), AT&T (T) e Mercedes-Benz. Mas a menos que você seja um dos convidados que entram nos edifícios de hospitalidade dos patrocinadores corporativos, um mero patrono passeando pelo Augusta National nunca saberia que essas empresas tinham algo a ver com o torneio.
Dentro desses edifícios dos patrocinadores, os convidados são tratados com bebidas exclusivas, brindes e experiências.
Na noite de sexta-feira (12), o CEO da AT&T, John Stankey, estava programado para receber convidados para um bate-papo à lareira com o campeão do Masters de 2015, Jordan Spieth, de acordo com um membro do Augusta que ajudou a organizar o evento. Stankey é um dos membros mais recentes do clube.
Desde 1934, quando banqueiros, advogados e industriais se reuniram no Augusta para o primeiro Masters, o torneio tem sido um atrativo para os grandes nomes corporativos. Mas William P. Payne, que serviu como presidente do clube de 2006 até 2017, queria melhorar a experiência corporativa durante o torneio.
Entre as mudanças que Payne introduziu estava o Berckmans Place, uma área localizada na extremidade sul do campo, perto do famoso “Amen Corner”. É um clube exclusivo dentro de outro, com jantar e compras, rodeado por réplicas dos gramados de Augusta, onde os convidados podem competir.
Para ter acesso ao Berckmans Place, nomeado em homenagem ao horticultor que possuía o viveiro onde o campo foi construído, é necessário um convite de alguém que já frequente. Além disso, é preciso pagar US$ 12.000 por um crachá que dá direito a um acesso semanal.
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