Soho House: depois do México, Brasil entra no foco de clube para executivos

Filial do clube exclusivo será inaugurada na Cidade do México neste ano, em busca por clientes na maior economia da América Latina

No seleto clube, não é obrigatório usar terno e gravata, e membros poderão desfrutar de acomodações de luxo
Por Alejandro Ángeles J.
20 de Julho, 2023 | 02:07 PM

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Bloomberg Línea — Embora, por definição, uma empresa como a Soho House ofereça exclusividade e imponha filtros para “selecionar” seus membros, o icônico clube privado está em campanha para atrair centenas de novos clientes em sua iminente abertura na Cidade do México, onde não há escassez de estabelecimentos para empreendedores.

Nos últimos anos, muitos executivos, tanto da velha guarda, seus herdeiros e muitos da nova classe empresarial da Cidade do México, deram nova vida ao modelo de centros de reuniões para a elite: os clubes privados.

Em antecipação à abertura do Soho House na capital mexicana, prevista para setembro de 2023, o banco de dados de candidatos a membros foi aberto e já registra um número significativo, o que tornaria o negócio viável.

Diversos empresários consultados pela Bloomberg Línea afirmam que já iniciaram o processo para adquirir, caso sejam aceitos, um título da Soho House.

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Alguns deles, de fato, já pagam centenas de dólares por mês para frequentar clubes privados na Cidade do México, mas esperam ansiosamente a chegada de uma opção com um status mais internacional.

“É uma boa opção pelas questões mais pessoais que os outros lugares oferecem”, disse um aspirante que não quis ser identificado para não atrapalhar o processo de sua candidatura.

Há décadas, a Cidade do México oferece diversos fóruns privados para as comunidades empresariais, políticas e sociais.

Desde o University Club até o Club de Industriales ou os vários clubes de golfe, sempre houve uma grande variedade de estabelecimentos para fazer reuniões ou fechar negócios ou para os membros “mimarem” parceiros ou amigos.

“Em minha experiência, esses tipos de clubes, se forem bons, servem para o networking profissional e de negócios”, diz Carlos Herrero, consultor de negócios e sócio-gerente da Extrategia.

No entanto, há quem se oponha a um elemento muito comum nesses clubes: todos eles oferecem exclusividade, mas às vezes você encontra as mesmas pessoas de outros lugares.

“É sempre bom ter opções, mas a abertura de clubes privados pode atingir níveis de saturação e, de repente, um deles se tornará uma ‘modinha’ onde você verá toda a sua rede de contatos até que eles fiquem entediados e mudem para outro”, diz Alex Spencer, gerente de ativos que já fez seu pedido para entrar no Soho House.

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Herrero concorda: “Como local de reuniões ou eventos, esses clubes geralmente são vistos como repetitivos”.

Da mesma forma, Amilcar Olivares, especialista no movimento gourmand da Cidade do México, diz: “No México, os negócios ainda são feitos em ‘irmandades’. Daí a importância de locais exclusivos, como clubes de golfe, equestres e privados, e especialmente os industriais. Onde a atmosfera de confiança, discrição e exclusividade se reflete em maiores oportunidades de negócios”.

De acordo com Spencer, uma vantagem que um clube como o Soho House oferece é que a comunidade à qual ele se dirige pertence principalmente aos chamados “criativos”, ou seja, artistas, intelectuais, escritores.

“Isso pode trazer uma sensação de novidade a um circuito de clubes semelhantes, frequentados principalmente por políticos, empresários e artistas”, diz Spencer.

De acordo com Jarrett Stuhl, diretor de operações da Soho House Americas, a unidade na Cidade do México oferecerá o mesmo nível de qualidade que a empresa oferece a seus membros em outros locais da marca icônica.

A Soho House tem filiais no Reino Unido, em vários países europeus, em Israel, nos Estados Unidos, no Canadá e no Caribe.

Chegada ao Brasil

No caso da Cidade do México, seria o trampolim para a América Latina e, após a abertura em setembro, os esforços de expansão se voltarão para o Brasil.

Com um pagamento inicial de 20.500 pesos (cerca de US$ 1.200) e pagamentos mensais de 11.750 pesos (cerca de US$ 710), o custo da associação é mais alto do que o de outros clubes da cidade, mas bem abaixo dos clubes de golfe mais exclusivos da capital, que custam até US$ 150.000 por ano.

“Acredito que os preços do Soho House são muito altos, mas isso depende da intenção de quem está disposto a pagá-los”, disse Olivares à Bloomberg Línea.

Assim como outros consultados, Olivares diz que, embora a oferta da Soho House enfatize o sabor cosmopolita da marca, combinado com a promoção da hospitalidade mexicana, a empresa europeia está apostando em afastar os clientes dos clubes privados tradicionais, onde é fechada grande parte dos negócios do México.

Um gancho para isso é o fato de que o Soho House oferece benefícios especiais para membros com menos de 27 anos de idade que queiram se associar, pagando uma taxa reduzida e desfrutando de descontos em serviços, refeições e bebidas.

Mas o segredo, como diz Herrero, estará na capacidade de o Soho House enfrentar a oferta de “clubes, restaurantes e centros de reuniões na Cidade do México, que são tantos e de tão boa qualidade, que é mais econômico e interessante ir a esses lugares”.

Acomodações de luxo

Foto: Cortesia do Soho House

Uma atração que o Soho House oferece é a possibilidade de se hospedar na mansão em Colonia Juárez (um dos enclaves que já foram considerados de alto nível na capital), com um serviço de hotel de quatro quartos para os membros e seus convidados.

Nesse sentido, ele competirá com outros conceitos que estão se destacando na cidade, como a Casa Polanco, no bairro de classe alta de mesmo nome, ou o The Alest, na mesma área.

Assim como o Soho House, tanto a Casa Polanco quanto o The Alest, além do adjacente Campos Polanco, são hotéis butique com serviços de restaurante e bar. Eles não são clubes privados, mas parecem.

Um denominador comum desses estabelecimentos, e do próprio Soho House, é que eles também se apresentam como galerias de arte com obras de artistas locais e internacionais.

No caso da Soho House, diz Stuhl, eles exibirão com orgulho “mais de 100 obras de artistas nascidos, radicados ou treinados no México”.

Alguns deles são a dupla Celeste (Gabriel Rosas Alemán e María Fernanda Camarena), além de obras emprestadas de galerias da cidade.

Muitas ofertas – todas exclusivas

Estes são alguns dos clubes privados da capital mexicana:

Soho House

  • O icônico clube privado abrirá na Cidade do México este ano. Como em seus outras filiais, o Soho House CDMX oferecerá salas espaçosas, piscina, academia, bares, cinema, spa, restaurante, entre outras áreas para incentivar o networking entre seus membros e convidados.
  • O clube visa mudar a ideia de que um clube privado deve ser dominado por políticos ou líderes empresariais.
  • Dress code: não é obrigatório o uso de terno e gravata, mas é proibido tirar fotos.

Haab Project

  • Semelhante ao Soho House, com foco em “criativos”, mas expandindo o conceito para “inovadores e líderes”, com o objetivo de atrair nômades digitais e pessoas que estão ascendendo na carreira política.

Club 51

  • Talvez o clube privado mais “sofisticado” da Cidade do México, localizado no andar 51 da torre de escritórios Torre Mayor, e frequentado por políticos, empresários e também jornalistas.

The University Club

  • Um dos clubes privados mais antigos da capital mexicana, fazendo parte de uma rede de 100 clubes em todo o mundo.

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