Os planos de Ermenegildo Zegna para a Tom Ford e o mercado de luxo

Zegna deseja dobrar o número de suas lojas Tom Ford, marca adquirida neste ano, para 100 a médio prazo, incluindo aberturas em Roma e Pequim

Por

Bloomberg — Ermenegildo Zegna, a única casa de moda da Itália listada na bolsa de Nova York, está apostando na marca Tom Ford para impulsionar a expansão no mercado de luxo.

A Tom Ford International é a operação de moda que o Grupo Zegna adquiriu enquanto outras partes da empresa foram vendidas para a Estée Lauder. De acordo com o CEO Ermenegildo Zegna, ela “pode se tornar uma das 10 marcas de moda globais mais importantes”, disse em entrevista na sede da empresa em Milão.

Embora esse seja um objetivo ambicioso, a Tom Ford está entre as 25 primeiras marcas reconhecidas no índice FashionUnited de marcas de moda mais reconhecidas, e o CEO da Zegna disse que esse é o tipo de exposição que pode ajudar a empresa, líder em moda masculina, a expandir no segmento lucrativo de acessórios.

Isso também pode influenciar positivamente a moda feminina, onde o desfile em Milão deste ano do novo diretor criativo Peter Hawkings chamou a atenção com modelos usando vestidos pretos transparentes e ternos de veludo rosa vibrante.

Agora, a Zegna deseja dobrar o número de suas lojas Tom Ford para 100 a médio prazo, incluindo aberturas em Roma e Pequim no próximo ano, afirmou o CEO, com a meta de aumentar a receita da Tom Ford International em mais de 10% ao ano.

O objetivo da Zegna é alcançar um crescimento anual composto de mais de 10% também no nível do grupo durante o mesmo período, de acordo com um comunicado detalhando a nova estratégia de negócios apresentada em 5 de dezembro.

Zegna, aos 68 anos, tem sido a força motriz por trás da mudança de sua empresa de ternos masculinos tradicionais para linhas de “luxo descontraído”, incluindo seus sapatos Triple Stitch, favoritos de líderes corporativos como Tim Cook e Jamie Dimon. Essa abordagem está dando resultados, com um aumento na receita nos EUA que ele espera replicar na China.

Nos últimos cinco anos, Zegna liderou uma expansão agressiva, baseada em lições aprendidas com seu mentor Sergio Marchionne. Zegna foi membro do conselho da Fiat Chrysler enquanto Marchionne era CEO da montadora, e ele ouviu quando o chefe pregava que “o tamanho importa”.

Mostrando orgulhosamente os sapatos mais recentes de sua empresa, Zegna, apelidado de Gildo, ofereceu outra citação famosa de Marchionne: “A mediocridade não vale a viagem”.

A jornada tem sido vertiginosa para o grupo de moda, que passou de sua origem humilde como uma fábrica de lã construída pelo avô de Zegna em 1910 para uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York em 2021.

Em 2018, Zegna fez sua primeira grande aquisição no exterior, comprando a marca americana Thom Browne, conhecida por suas interpretações modernas de ternos tradicionais de risca de giz. O negócio, parte de um esforço para atrair clientes mais jovens e mulheres, foi descrito pelo CEO como “ganhar um troféu”.

No entanto, foi a aquisição em abril da Tom Ford International que Zegna vê como a chave real para transformar a empresa familiar tradicional em uma casa de moda moderna e de alta qualidade.

As conexões entre os dois lados remontam há mais de 15 anos, e Zegna trabalha com o designer Ford desde o início de seu negócio homônimo após deixar a Gucci, que ele revitalizou durante uma década como diretor criativo.

Agora firmemente estabelecido em ambos os lados do Atlântico, Zegna vê a ligação entre alta moda e alta finança em Nova York como algo natural. “Wall Street é marketing”, disse o CEO. “Os clientes também são investidores”.

Sinais recentes têm sido menos encorajadores na Ásia, ainda a região mais importante para as vendas da empresa.

Os consumidores com alto patrimônio na China registraram uma “queda no otimismo” desde abril, de acordo com um relatório da consultoria Agility Research & Strategy.

O CEO Zegna permanece otimista sobre as perspectivas na região, especialmente para a Tom Ford. “Ainda há muito o que podemos fazer na Ásia”, afirmou.

Embora o empresário italiano tenha dito que não tem a ambição de ver sua empresa se tornar uma potência do luxo capaz de competir com gigantes franceses como a LVMH, ele ainda vê a empresa como um “agregador de marcas de luxo”, acrescentando que não espera que aquisições sejam discutidas em 2024.

Depois disso, “nossos olhos estão sempre abertos”.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Com imóveis de US$ 150 mi, novo condomínio de luxo pode se tornar o mais caro de Miami

Ferrari, Bugatti, Mercedes: conheça os carros clássicos mais caros de 2023