O iate de R$ 55 mi de Cristiano Ronaldo cujo modelo 12 brasileiros já compraram

Fila de espera para receber o Azimut Grande 27 Metri supera um ano, diz o CEO no Brasil do estaleiro italiano, Francesco Caputo, em entrevista à Bloomberg Línea

Azimut Grande 27 Metri, modelo igual ao comprado pelo craque português Cristiano Ronaldo, custa a partir de R$ 55 milhões, segundo o estaleiro Azimut (Foto: Divulgação)
09 de Julho, 2023 | 08:47 AM

Bloomberg Línea — Um dos modelos mais caros e luxuosos exibidos em feiras náuticas, o iate Azimut Grande 27 Metri, adquirido por celebridades como o jogador português Cristiano Ronaldo, já tem 12 unidades vendidas no Brasil. Nove já foram entregues aos donos, segundo disse a filial nacional do estaleiro italiano Azimut à Bloomberg Línea. Quem deseja um modelo igual, que custa a partir de R$ 55 milhões, tem de aguardar de 12 a 14 meses após a assinatura do contrato para a entrega, segundo a companhia.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o CEO da Azimut Yachts Brasil, Francesco Caputo, disse que mercado náutico brasileiro superou as expectativas em vendas no primeiro semestre. “Tivemos um semestre muito bom. Não houve contração como se esperava”, afirmou o executivo, sem abrir números.

Um dos termômetros do setor são feiras náuticas. Na última quinta-feira (6), a cidade catarinense de Itajaí realizou sua primeira edição do Marina Itajaí Boat Show, com três dias de duração, quando houve a exposição de modelos luxuosos, como o iate igual ao de craque português.

“Não precisamos de contratos de marketing com celebridades. O Cristiano Ronaldo postou imagens de seu iate Azimut espontaneamente”, afirmou Caputo, que, fez questão de esclarecer, não associa o aumento de vendas do modelo à exposição da embarcação em suas redes sociais.

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No Marina Itajaí Boat, o grupo Azimut Benetti, que se define como o maior construtor mundial de embarcações de luxo, também apresentou o modelo esportivo Atlantis 51, que é fabricado exclusivamente na sua unidade do Brasil para atender o mercado internacional, ou seja, para exportação.

“O produto brasileiro tem tudo para ser competitivo no exterior, mas nosso mercado ainda não tem maturidade. Há, por exemplo, uma escassez de transporte. O custo é inacreditável, é muito caro e isso queima nossa vantagem competitiva”, disse o CEO da Azimut Yachts Brasil.

Segundo ele, operadores de navios contêineres adotam tarifas de transporte extraordinário para embarcações, que ocupam espaços maiores. “O transporte é hoje o maior gargalo para a indústria náutica brasileira ter mais acesso fácil ao mercado externo e ser mais competitiva”, afirmou.

Pressão de custos

Além da logística de entrega dos produtos, o setor náutico enfrenta a inflação das matérias-primas, como peças e componentes usados na fabricação das embarcações.

“A inflação do setor náutico está fora do controle no mercado mundial. Os principais fornecedores são pequenos, enquanto a demanda é crescente. Se a inflação global está em 10%, o aumento de preços no setor náutico supera 50%”, avaliou o CEO da Azimut Yachts Brasil.

A desvalorização do real frente ao dólar, fenômeno que esteve presente até poucos meses atrás, é outro ponto de atenção dos estaleiros. Por enquanto, as variações cambiais estão sendo amortecidas pela matriz italiana, evitando uma relação direta entre o valor do câmbio e o preço das embarcações.

“Nossa vantagem é o proteger o mercado das oscilações cambiais, assumindo 100% o risco e tornando nossa política de preços mais uniforme, sem repasses automáticos”, explica Caputo.

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Ele explicou que, geralmente, são aplicados dois reajustes nos preços das embarcações, no primeiro e no terceiro trimestre. “O próximo reajuste acontecerá em setembro, mas não sabemos ainda a variação. Anteriormente, tentamos manter o reajuste de 5%, abaixo da inflação”, mencionou o CEO.

Energia limpa

Sobre as tendências do mercado náutico, o executivo destacou os esforços da transição energética, como o desenvolvimento de nova linha de modelos híbridos, com menor emissão de carbono, e de energia limpa, como o sistema de biodiesel, além de reciclagem de matérias-primas, como fibra de carbono.

“Fomos os primeiros em construir embarcações híbridas com projetos em 2009. Apostamos nessa tecnologia no passado e estamos comprometidos em implementar novas soluções cada dia mais green e menos gray”, disse Caputo.

O executivo também apontou o potencial da indústria náutica como geradora de empregos, já que o segmento ainda possui muitas rotinas artesanais. “Em Itajaí, empregamos 600 pessoas e desenvolvemos mão-de-obra, mostrando que o setor náutico pode transformar a economia de um região. Hoje Itajaí virou um polo e um player relevante. Exportamos até para a Itália, nossa matriz”, disse o CEO.

Dados da Acobar (Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos) apontam que o Brasil tem capacidade de produzir 3.500 barcos em fibra de vidro por ano, entre 16 e 160 pés. Em 2022, as exportações brasileiras da indústria náutica cresceram 30% em volume exportado.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.