Este fundo aposta em cavalos de salto para gerar retorno para o investidor

Fundo lançado há um ano pela Lifetime Asset, credenciada ao BTG Pactual, aposta em plantel de animais selecionados pelo cavaleiro Marlon Zanotelli, que defende o Brasil em provas no exterior

Cavaleiro brasileiro Marlon Zanotelli
24 de Novembro, 2024 | 01:00 PM

Bloomberg Línea — O hipismo desperta o fascínio não apenas de apaixonados pelo esporte e por cavalos mas também de investidores que frequentam uma dos maiores polos da modalidade no Brasil, o Clube Hípico de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Foi nesse local de 280 mil metros quadrados de bosques e jardins que nasceu a ideia de criação do primeiro fundo de investimento de cavalos do país.

A estratégia é universal: a gestora compra cavalos jovens, desenvolve os animais e busca vendê-los com lucro. Mas o nicho tem suas nuances. Há o upside de vitórias em competições, mas também riscos de o equino adoecer ou se acidentar ao longo de seu ciclo de vida e de desenvolvimento.

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Diante dessas questões, a gestora Lifetime Asset Management, “plugada” ao BTG Pactual, tem avançado sobre o tema há mais de um ano, quando lançou um fundo fechado com cerca de R$ 6,5 milhões de patrimônio e mais 100 cotistas interessados em investir no mercado de cavalos.

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A seleção dos animais passa pelo crivo do cavaleiro Marlon Zanotelli, cuja experiência inclui defender o Brasil em competições internacionais (veja mais abaixo) e a proximidade com a elite do hipismo mundial.

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Os animais que compõem o portfólio do fundo são segurados, o que funciona como hedge, e há pelo menos uma marcação a mercado dos preços dos ativos por ano.

“Entre os cotistas estão sócios da hípica de Santo Amaro, que conheceram o cavaleiro Marlon Zanotelli em um curso de salto e entenderam que seria uma boa estratégia de investimento, de fomentar esse nicho do mercado de luxo”, disse à Bloomberg Línea Josian Teixeira, portfolio manager da Lifetime.

O fundo começou com três cavalos. Um ano depois, o plantel já somava seis animais, que são adquiridos na Europa e passam por treinamento no haras de Zanotelli na Bélgica. O cavaleiro atua como parceiro do fundo.

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“No fim do ano passado, vendemos um cavalo e tivemos um lucro de 41% na transação. Fizemos aportes na compra de novos animais. Normalmente, o investimento em cavalo começa em 100 mil euros, o que seria um preço considerado barato, mas, se ele consegue se desenvolver com o tempo e ganhar provas, a venda pode chegar a 1 milhão de euros no mercado europeu”, disse Teixeira.

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Essa projeção foi feita, segundo o gestor, com base no histórico das transações fechadas pelo cavaleiro olímpico do Maranhão como pessoa física, antes de entrar na parceria do fundo.

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“O fundo tem tanto investidores estrangeiros como brasileiros. Queremos chegar a um total de 20 cavalos. Para isso, temos que captar mais dinheiro para fomentar a estratégia e ter caixa para manter o haras do Marlon na Bélgica. O custo de manutenção dos cavalos é alto”, afirmou Teixeira.

Rentabilidade e risco cambial

No primeiro semestre de 2024, o fundo batizado de Marlon Zanotelli Horses apresentou uma rentabilidade nominal de 3,16%, abaixo do CDI (5,22%) no período, mas acima da inflação (2,57%), segundo o gestor. A taxa de administração do fundo é de 2% ao ano.

“O fundo está melhor que a inflação, mas abaixo do CDI. No início do fundo, temos uma maior tabela de custos. É um fundo que nasce com o propósito de quatro anos de investimento para desenvolver o cavalo e mais quatro anos de desinvestimento, ou seja, para venda dos animais com lucro”, afirmou o portfolio manager da Lifetime.

A cada seis meses, o fundo tem janelas para reavaliar o desempenho, quando também fica aberto para captação.

Em novembro do ano passado, Zanotelli e os cavaleiros Rodrigo Pessoa, Stephan Barcha e Pedro Veniss levaram a medalha de bronze na competição de saltos por equipes no Pan-Americano de Santiago, no Chile. Ele acabou ficando de fora da seleção brasileira para a Olimpíada de Paris neste ano.

“A proteção cambial é uma diferenciação dos ativos. O cotista investe em euro, uma moeda fora, e muda de fronteira,para outro tipo de mercado. Com a desvalorização do real no período, essa alocação representa uma certa proteção do seu investimento”, disse o gestor da Lifetime.

Comparação com o mercado de futebol

A seleção dos animais que compõem o fundo é do cavaleiro olímpico, segundo Teixeira.

Um comitê do fundo aprova ou não a compra do equino indicado. Se o cavalo se desenvolver e ganhar alguma competição, o fundo recebe recursos da premiação, que são convertidos em ganhos e usados para abater os custos de manutenção do haras na Bélgica, explicou.

“É preciso ter um olho clínico para uma boa compra. É como no mercado de jogadores de futebol juniores: há uma peneira e apenas alguns vão se tornar profissionais. Como fundo, temos que rentabilizar aquele ativo, como a ação de uma empresa. Fazemos isso com a ajuda do Marlon”, afirmou.

Com mais de 20 anos de experiência na indústria de fundos, principalmente multimercados e de renda fixa, com passagens pela Hedging-Griffo e pela SulAmerica, Teixeira disse que gerir um fundo de cavalos é semelhante a qualquer outra categoria.

“O desafio é entender como se dá a precificação dos ativos, como se comportam ao longo de um ano e ter um crivo detalhado para trazer um novo ativo para o fundo. O diferencial é que os cotistas gostam dos ativos e entendem desse mercado, pois são sócios do haras e têm paixão por cavalos”, disse.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.