Bloomberg Línea — O fim de ano veio acompanhado dos tradicionais anúncios de pagamentos de bônus na região da Faria Lima, centro financeiro do país, como foi o caso do BTG Pactual, que alcançou resultados recordes apesar do mercado de capitais ainda em ritmo de recuperação diante dos juros elevados.
A recompensa financeira para banqueiros e executivos depois de um ano de muito trabalho muitas vezes se traduz no consumo de produtos de luxo às vésperas de Natal, nas lojas de marcas mais caras do país.
A Bloomberg Línea visitou nas últimas semanas alguns dos principais shoppings voltados para a alta renda em São Paulo, conversou com personal shoppers e coletou preços e tendências que devem ganhar espaço na cesta de consumo e de presentes de Natal dos profissionais mais bem remunerados.
Marcas tradicionais como Louis Vuitton, Chanel, Hugo Boss, Prada, Ermenegildo Zegna, Hermès, Dior, Balenciaga, Dolce & Gabbana, Burberry, Givenchy, Gucci, Moncler, Montblanc e Miu Miu estão entre as preferidas dos consumidores que trabalham no mundo financeiro em São Paulo e compõem o portfólio de lojas dos shoppings JK Iguatemi, Iguatemi, Cidade Jardim e Shops Jardins.
Consultores ouvidos pela reportagem apontam um reajuste anual da ordem de 25% em produtos vendidos nas filiais de marcas da moda de luxo em shoppings para a alta renda.
Um exemplo é a mala mais vendida na flagship store da Louis Vuitton no Cidade Jardim: há um ano, o modelo de bordo com monograma nas cores cinza e preto (modelo Eclipse), com 55 cm de altura e rodinhas, custava R$ 17.100. Com os reajustes neste ano, subiu para R$ 21.400, aumento de 25%.
Os vendedores minimizam a disparada dos valores explicando que o público fiel a marcas globais tende a não deixar de consumir essas mercadorias por causa dos preços. Donos de shoppings para a alta renda apostam em vendas maiores das brands instaladas no Brasil nos próximos anos.
Seguem abaixo algumas sugestões apresentadas por especialistas em compras para o público de alta renda e por lojistas que falaram sob a condição de anonimato, pois não são autorizados a conceder entrevistas, sobre produtos que estão entre os mais demandados neste fim de ano:
Sneakers Louis Vuitton: R$ 8.000
Nas unidades da Louis Vuitton no Brasil, sneakers de R$ 8.050 ganham destaque na vitrine da grife francesa, que anunciou em fevereiro deste ano o ídolo do hip hop Pharrell Williams como seu novo diretor criativo da sua linha masculina. Não à toa, sneakers dividem espaço com malas e bolsas.
A linha de calçados casuais da marca francesa já supera 120 modelos. No Brasil, o modelo mais caro custa R$ 15.800 (Tênis LV Skate), mas a maioria fica entre R$ 7.000 e R$ 11 mil. Em novembro, a Louis Vuitton inaugurou uma loja no Shop Jardins na rua Haddock Lobo, em São Paulo, na mesma rua dos Jardins onde a grife abriu sua primeira unidade no país no final dos anos 1980.
Óculos Chanel de R$ 8.000
Nas lojas da Chanel no shoppings Iguatemi e JK Iguatemi, acessórios que lembram o estilo de vida californiano dos anos 1980 impulsionam as vendas, segundo funcionários.
Óculos de sol em formato máscara da coleção Cruise 2023/2024, com hastes coloridas e marcas gráficas inspiradas na estética de discotecas e academias aeróbicas, estão em alta entre os consumidores. O portfólio da marca inclui óculos que custam entre R$ 3.500 e R$ 8.140.
Ao apresentar essa tendência em maio, a Chanel justificou a escolha do estilo californiano por seu clima de otimismo e alegria que seus consumidores buscam, em sintonia com o tom da indústria do entretenimento no pós-pandemia, como a invasão rosa do blockbuster “Barbie” nos cinemas.
Outra referência é o sucesso de influenciadores de moda das “big red boots”, botas vermelhas de design gigante lançadas pela marca nova-iorquina MSCHF, que lembram as botas do personagem Astro Boy, clássico do desenho japonês.
Na mesma tendência, a Tiffany confeccionou um par de óculos personalizados para Pharrell Williams em formato de coração, em ouro 18K, com 47 diamantes redondos em lapidação brilhante e 32 baguetes, totalizando mais de 24 quilates. O diretor criativo da LV apareceu com o acessório - sem preço divulgado - durante um desfile da grife em Hong Kong no mês passado.
Relógio TAG Heuer de R$ 59 mil
Um relógio masculino da suíça TAG Heuer, em aço, da edição limitada vintage da coleção Monaco original, custa R$ 58.910 em uma loja da Vivara na rua Oscar Freire. Trata-se do primeiro relógio do mundo com caixa quadrada resistente à água e o primeiro cronógrafo automático, sendo cultuado por adoradores da marca, que vincula sua imagem a parcerias com corridas de automobilismo e pilotos.
Um dos modelos mais procurados é o TAG Heuer Formula 1 SennaSpecial Edition, uma homenagem ao ídolo Ayrton Senna, que ganhará em 2024 uma série biográfica na Netflix. Uma imagem do capacete do piloto brasileiro é gravada no fundo da caixa. Com destaques em amarelo e preto, é vendido por R$ 29.460.
Champagne Louis Roederer de R$ 25 mil
Em sua seleção de melhores bebidas para dar como presente nas festas de dezembro, reportagem da Bloomberg News apontou o champanhe Louis Roederer Cristal Orfevres Gold Medallion, edição limitada de 2002, com a garrafa com protetor de treliça em ouro 24k, ao preço de US$ 25 mil.
O Champagne Cristal Brut é o rótulo mais famoso da Maison francesa Louis Roederer, fundada em 1777 em Reims, na região de Champagne-Ardenne. No Brasil, a garrafa importada da safra 2006, em estojo de madeira, sai por R$ 24.810. O champanhe é produzido com um corte das uvas Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%), oriundos de vinhedos Grand Cru em Champagne.
Joias Tiffany de R$ 395 mil
Nas joalherias, as gargantilhas brilham nas vitrines dos shoppings voltados para a alta renda.
Na Tiffany, a aposta do mês é a coleção Victoria. A marca conta com a força de artistas que exibem as peças, como a cantora Ariana Grande, que se apresentou ao lado de Mariah Carey e Jennifer Hudson no Madison Square Garden, em Nova York, cantando hits natalinos e exibindo colares e brincos da marca.
O colar graduado em platina com diamantes mais caro à venda no Brasil sai por R$ 679 mil. Já os brincos em cluster de platina e diamantes saem por R$ 395 mil. Nem todas as peças da coleção Victoria estão prontamente disponíveis e podem ficar mais caras a depender da personalização.
Nas unidades da Swarovski, os olhos das clientes se voltam para a coleção da família Hyperbola, desenhada pela diretora criativa Giovanna Engelbert, com design intrincado. É o caso da uma peça batizada revestida em ródio, em diversas espirais. Os cristais verdes são colocados no interior da banda da gargantilha. Os preços variam de R$ 7.500 a R$ 13.000, a depender dos materiais usados na composição.
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