De Neymar a geladeiras: como a Cimed quer levar a Lavitan ao ‘clube do bilhão’

Marca conhecida pelo portfólio de vitaminas aposta na entrada em nutrição esportiva para atingir nos primeiros três meses de 2026 a marca de R$ 1 bilhão em vendas aos consumidores (sell out)

João Adibe, CEO da Cimed: O que temos como desafio agora é trazer esse consumidor para o ambiente de farmácia e as farmácias entenderem a necessidade desse produto gelado, que é uma cadeia refrigerada
07 de Abril, 2025 | 05:24 PM

Bloomberg Línea — A Cimed planeja transformar o mobiliário de muitas farmácias pelo país. O laboratório farmacêutico da família Adibe prevê a entrega de 10.000 geladeiras como parte do plano para acelerar o crescimento da nova linha de produtos da Lavitan, que entra no mercado de bebidas proteicas e produtos funcionais.

A marca, conhecida pelo portfólio de vitaminas, aposta na entrada em nutrição esportiva para atingir nos primeiros três meses de 2026 a marca de R$ 1 bilhão em vendas aos consumidores (sell out) no acumulado em 12 meses.

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Em 2024, o valor ficou em R$ 720 milhões. A venda ao varejo, o sell in, somou R$ 496 milhões.

A escolha do canal é ao mesmo tempo uma oportunidade e um desafio.

Historicamente, isotônicos e bebidas proteicas fazem os seus volumes de vendas em varejos alimentares e lojas de conveniências.

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A proximidade da Cimed do varejo farmacêutico, porém, levou à tomada de decisão. Segundo números internos, os produtos da empresa são comercializados em mais de 90% das farmácias brasileiras.

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“Os varejos alimentares e as lojas de conveniência são canais em que a Cimed tem participação muito pequena. O que temos como desafio agora é trazer esse consumidor para o ambiente das farmácias e que essas lojas entendam a necessidade de vender o produto gelado, nas geladeiras”, disse João Adibe, CEO da Cimed, em entrevista à Bloomberg Línea.

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“A ideia é que as farmácias concorram com as lojas de conveniência, e não com o varejo alimentar.”

O avanço para as redes varejistas ficarão para um segundo momento, segundo Adibe, a depender de quão bem-sucedido se saírem os produtos da linha. Em geral, a companhia considera um produto exitoso quando ele entra em mais de 35% da sua cadeia de pontos de venda (PDVs).

Com a nova linha, a marca disputará mercado com marcas líderes como Gatorade e Powerade, em isotônicos, e com YoPro e congêneres, em bebidas proteicas, categoria que registra elevadas taxas de crescimento nos últimos anos.

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Em bebidas proteicas, a marca oferece três opções com 15g de proteína e BCAA nos sabores chocolate, baunilha e morango.

Os isotônicos chegaram com cinco sabores, incluindo a linha de hidratação com Neymar, com isotônico efervescente, uma versão sabor limão e um concentrado de vitaminas para diluir na água.

De Messi a Paul Logan

O portfólio, que chegaria a vinte produtos até o fim do primeiro trimestre nas farmácias, ainda conta com géis de carboidratos, creatina, glutamina e Ômega 3, entre outros.

De acordo com Adibe, a companhia investiu cerca de R$ 40 milhões para o desenvolvimento da linha, em desenvolvimento desde o ano passado e produzida em fábricas terceirizadas. O valor não contabiliza os investimentos em marketing para posicionar os produtos no mercado.

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Na linha de hidratação, Neymar Jr. foi o nome escolhido para impulsionar as vendas, em uma busca pela conexão com a Geração Z.

A estratégia é inspirada em marcas como a Más+ by Messi, bebida com baixo teor de açúcar, com eletrólitos e vitaminas, sem adoçantes artificiais, corantes ou cafeína, em uma parceria entre o ídolo argentino e a empresa americana Mark Anthony Brands. E a Prime, do influenciador americano Logan Paul.

“Eles conquistaram mercado nos Estados Unidos e, em cima disso, nós vamos tentar entrar aqui no Brasil. Por isso, optamos pelo Neymar, até porque ele é o ídolo dessa molecada quando ele fala de futebol e vamos usá-lo muito fora e dentro de campo, principalmente no lifestyle”, contou Adibe.

A Cimed pretende lançar versões colecionáveis com o atual atacante do Santos.

A movimentação faz parte de uma primeira fase de expansão da Lavitan, que é uma das “super marcas” da Cimed, ao lado de Carmed, conhecida pelos hidratantes e protetores labiais.

No radar, a companhia já mira também comidas saudáveis. “Talvez [possamos lançar] uma sopinha, um chips com proteína. O céu é o limite”, disse Adibe.

Entrada do GIC

Os avanços nos portfólios de produtos integram os movimentos da Cimed para executar o plano para chegar a R$ 10 bilhões em receita em 2030, batizado de “Nova Era”.

A farmacêutica terminou o ano de 2024 com R$ 3,6 bilhões em receitas, uma alta de 20% em relação aos R$ 3 bilhões registrados em 2023. Em 2025, o salto previsto é ainda maior, cerca de 40%, para que seja possível superar o montante de R$ 5 bilhões ao fim de dezembro.

Um novo impulso para o negócio foi anunciado nas últimas semanas, a entrada de um dos fundo soberanos de Singapura, o GIC, que adquiriu uma fatia minoritária da companhia.

Meses antes, Mariana Marques (irmã mais nova de Adibe) tinha vendido a sua participação, de cerca de 6%, aos irmãos Karla Marques, VP da Cimed, e ao próprio João Adibe.

“A entrada do GIC só vai trazer uma aceleração aos números, principalmente nos grandes desafios que a companhia tinha, que é o custo de capital versus o valor que o mercado brasileiro precifica”, disse o CEO.

A entrada melhora a estrutura de capital da companhia, que tem crescido com geração de caixa, e a prepara para encontrar novas oportunidades de crescimento, sejam orgânicas ou inorgânicas.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark