Indústria de carne e leite pode avançar para mitigar impacto no clima, diz estudo

Relatório da Changing Markets Foundation aponta de maneira geral as áreas em que grandes empresas do setor no mundo podem melhorar suas medidas para reduzir as emissões

Botando la leche
Por Agnieszka de Sousa
18 de Julho, 2024 | 11:05 AM

Bloomberg — Algumas das maiores empresas mundiais de carne e lacticínios ainda enfrentam o desafio de lidar de maneira mais apropriada com o impacto ambiental da criação de gado, segundo relatório da Changing Markets Foundation.

De 22 empresas analisadas, 15 têm algum tipo de meta para atingir emissões-líquidas zero, mas nenhuma atende aos padrões da ONU, segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (18) pela organização sem fins lucrativos.

O setor de maneira geral, sem entrar em casos específicos, gasta mais em publicidade do que em soluções climáticas, segundo o relatório.

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Estima-se que os rebanhos, que emitem metano, sejam responsáveis por cerca de 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. E a pecuária está atrás de outros setores em matéria de transparência, metas e esforços relacionados a emissões, segundo o relatório.

O estudo apontou algumas iniciativas consideradas positivas. Várias empresas estão lançando aditivos para rações que suprimem o metano e trabalham para extrair biogás do estrume, como parte de esforços para reduzir as emissões. Empresas com Cargill e Nestlé estão promovendo práticas de agricultura regenerativa.

A Danone, que no ano passado prometeu cortar em quase um terço as emissões de metano provenientes da produção de leite, é a única do setor com um compromisso específico para o metano, o gás de efeito estufa mais potente. Isso coloca a empresa à frente do grupo no que diz respeito à integridade científica, segundo o relatório.

Mas, no geral, os planos das empresas têm como base geralmente compensações e práticas agrícolas regenerativas consideradas “mal definidas”, ao mesmo tempo em que exagerariam o potencial de mitigação de soluções como os aditivos alimentares que suprimem o metano, segundo o estudo.

“Soluções mais impactantes são a redução do número de animais e uma mudança para mais produtos vegetais”, disse Nusa Urbancic, CEO da Changing Markets Foundation, à Bloomberg News. “E não encontramos nenhuma evidência de que eles estejam realmente fazendo alguma dessas coisas.”

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