Bloomberg — O hidrogênio como fonte de energia favorável ao clima foi um dos ativos mais concorridos e elogiados da chamada energia verde. Mas a realidade de seu alto custo tem cobrado o seu preço.
Nos últimos meses, alguns dos maiores desenvolvedores do combustível cancelaram projetos, cortaram pedidos e reduziram seus planos de investimento. O combustível de baixo carbono é simplesmente caro demais para estimular a demanda em muitos setores da economia.
Na última quinta-feira (3), a Origin Energy cancelou um projeto para produzir o combustível de queima limpa em uma área industrial no leste da Austrália.
“Ficou claro que o mercado de hidrogênio está se desenvolvendo mais lentamente do que o previsto, e ainda há riscos e avanços tecnológicos e de custo de insumos a serem superados”, disse o CEO da Origin, Frank Calabria, em um comunicado.
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"A combinação desses fatores significa que não podemos ver um caminho atual para tomar uma decisão final de investimento no projeto."
O chamado hidrogênio verde é produzido com o uso de eletricidade renovável para separar os átomos de hidrogênio e oxigênio da água.
O produto resultante pode substituir o hidrogênio derivado de combustível fóssil usado atualmente nos setores de produtos químicos e de refino de petróleo e, potencialmente, para novas aplicações, como armazenamento de energia, produção de aço e combustível para navios.
A Origin Energy é apenas o exemplo mais recente de uma empresa que está recuando em seus planos. No início desta semana, a norueguesa Nel ASA, que fabrica as máquinas que produzem hidrogênio verde, disse que a Hy Stor Energy, com sede no estado do Mississippi, cancelou um pedido de 1 gigawatt de equipamento. Isso teria sido suficiente para construir, de longe, o maior projeto desse tipo nos EUA.
Além dos cancelamentos de empresas de capital aberto, companhias menores provavelmente estão fazendo mesmo com muitos outros projetos sem que isso se torne conhecido e ganhe visibilidade, de acordo com Michael Liebreich, CEO da Liebreich Associates e sócio-gerente da EcoPragma Capital.
Ainda assim, Liebreich, que é analista e investidor, disse que isso pode ser um reinício positivo para o setor, ao permitir que projetos economicamente robustos sigam em frente.
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“Muitas pessoas estão simplesmente se afastando e isso é saudável”, disse Liebreich em uma entrevista à Bloomberg News. “Quanto mais realismo houver, melhor, porque podemos concentrar tempo, capital e talento em coisas que funcionarão, e não em coisas que não funcionarão.”
Há sinais ainda de que a demanda por hidrogênio crescerá nesta década, mas apenas uma pequena parte dessa demanda está sendo atendida por combustível limpo.
A produção de hidrogênio limpo deve aumentar mais de 40% e atingir 1 milhão de toneladas em 2024, embora isso ainda represente apenas cerca de 1% da atual demanda global de hidrogênio, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Projetos com mais 3,4 milhões de toneladas de capacidade precisam chegar a uma decisão final de investimento, segundo a AIE.
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