Bloomberg Línea — O Citi (C) decidiu reestruturar a sua área de social finance e pretende elevar os financiamentos de projetos que vão de saneamento a saúde em mercados emergentes.
Em 2023, o banco americano mobilizou US$ 3 bilhões globalmente em recursos para 75 transações, sendo metade do montante destinado à América Latina. Para este ano, a meta é elevar a cem o número de acordos, com a região responsável por aproximadamente 45% a 50% dos desembolsos.
“A América Latina é muito importante para nós, sempre representou uma fatia relevante da atividade que desempenhamos”, afirmou o head para América Latina do Citi Social Finance, Borja García Fernandez, em entrevista exclusiva à Bloomberg Línea.
O braço de social finance existe no Citi há 20 anos e provê liquidez para instituições em 45 mercados emergentes de África, Ásia e América Latina. Os recursos são destinados a setores como água e esgoto, infraestrutura básica, transportes, moradia acessível, saúde, educação e agricultura.
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“O Citi tem atuação local em mais de cem países e o nosso papel principal é conectar os investidores a projetos e atividades em diferentes setores e categorias ao redor do mundo”, disse Fernandez.
O executivo afirmou que o objetivo da divisão é tentar atrair investidores de impacto como bancos multilaterais, além de muitos asset managements e fundos de private equity nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, conectando-os aos mercados emergentes.
“Em muitos casos, esses investidores têm apetite, mas não conhecem o mercado local. Nosso foco é mobilizar capital com o compromisso público de obter o maior impacto possível com os projetos”, acrescentou.
No ano passado, a América Latina respondeu por 28 das 75 transações fechadas pelo braço de social finance do Citi, com US$ 1,5 bilhão em recursos movimentados.
Segundo Fernandez, o montante total destinado a financiamentos na divisão, em 2024, depende dos projetos selecionados, mas a meta é de crescimento. “Ainda não sabemos o quanto devemos movimentar, mas obviamente queremos mobilizar mais capital do que no ano passado”, afirmou.
Fernandez explicou que o tíquete dos projetos é limitado, mas, para muitas empresas, o financiamento pode ser decisivo para o seu crescimento. Um dos focos na região deve ser o segmento de fintechs. “Vamos dar suporte às fintechs, que fornecem liquidez para pequenas e médias empresas.”
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No Brasil, o Citi Social Finance fechou uma transação no ano passado com a Aegea, maior operadora privada de saneamento do país, no valor de US$ 67 milhões para expandir a cobertura de esgoto em comunidades de baixa renda em Manaus, no Amazonas.
“O Brasil deve liderar as atividades porque o país oferece possibilidades em todos os setores devido ao seu tamanho e também pelos clientes do banco. Outros alvos são México, Peru e Colômbia, embora a atuação seja em toda a região”, disse Fernandez.
O executivo afirmou ainda que o setor de saneamento tem chamado a atenção dos investidores. “Água é um tópico em alta em todos os mercados emergentes. Queremos atrair investidores que estão interessados no tema. Eles não conhecem o mercado, mas nós podemos fazer essa ponte.”
Reestruturação da área
Fernandez contou que, diante da atuação cada vez maior do braço de social finance, o banco decidiu mudar a estrutura da equipe, que entrou para a divisão de banking do Citi. O movimento tem como objetivo identificar melhor os projetos, para que consigam entregar retorno financeiro e progresso social.
A mudança de estratégia também tem o intuito de estimular um universo maior de investidores privados a entrar em projetos de financiamento social, destacou Fernandez.
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“Devido ao tamanho que o negócio tomou no ano passado, percebemos que clientes, governos, entes públicos e privados, têm interesse na área e que isso deveria estar no centro de banking. Na prática, estamos colocando o tema no centro das conversas com nossos clientes por meio de uma abordagem mais direta”, disse Fernandez.
Nesse contexto, o executivo disse acreditar que a América Latina será um destino importante para financiamentos na área social.
“A região tem uma enorme necessidade de recursos e o setor público e os bancos multilaterais não vão conseguir dar conta, sozinhos, do que é preciso ser feito, o gap é enorme”, disse. “O setor privado precisa ter um papel relevante para dar soluções financeiras à área”, acrescentou.