Bloomberg — Cerca de 200 países concordaram em triplicar o montante de dinheiro disponível para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o rápido aquecimento das temperaturas.
Mas o acordo alcançado no final da cúpula de duas semanas da COP29, em Baku, no Azerbaijão, foi resultado de negociações divergentes e, às vezes, abertamente hostis, que produziu um acordo que até mesmo seus defensores podem considerar insuficiente e decepcionante.
O processo de cooperação climática global avançará a partir daqui sob o peso de questões existenciais mais pesadas.
Os países ricos se comprometeram a fornecer pelo menos US$ 300 bilhões por ano até 2035, por meio de uma ampla variedade de fontes, incluindo finanças públicas e acordos bilaterais e multilaterais.
O acordo também pede que as partes trabalhem para liberar um total de US$ 1,3 trilhão por ano, sendo que a maior parte deverá vir de financiamento privado.
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Os países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram nas negociações muito distantes quanto ao que era necessário e realista. Em um determinado momento neste sábado (23), as negociações pareciam estar à beira do colapso, antes que o clima melhorasse no final da tarde, após várias reuniões a portas fechadas.
“Foi uma luta árdua” e o valor do financiamento “está no limite entre o que é politicamente viável hoje nos países desenvolvidos e o que faria diferença nos países em desenvolvimento”, disse Avinash Persaud, assessor especial para mudanças climáticas do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o brasileiro Ilan Goldfajn.
As nações ricas lutam contra uma série de restrições fiscais e políticas, incluindo inflação, orçamentos limitados e populismo crescente.
A eleição de Donald Trump e sua ameaça de retirar os EUA do histórico Acordo Climático de Paris também pairou sobre a cúpula da COP29 desde o início.
Em um compromisso para conseguir um acordo, as nações ricas acabaram concordando em comprometer US$ 50 bilhões a mais do que o entendimento preliminar exigido na sexta-feira (22).
Eles também fizeram com que qualquer acordo dependesse da reafirmação do resultado da COP28 do ano passado em Dubai, que incluía uma promessa de transição para longe dos combustíveis fósseis.
Um texto separado pede que as partes "contribuam para os esforços globais" em direção a esse acordo histórico, sem mencionar explicitamente os combustíveis fósseis.
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‘Muito pouco’
O financiamento prometido, no entanto, fica aquém dos trilhões de dólares que as nações pobres e vulneráveis dizem precisar para tornar suas economias “à prova” do clima.
Eles também querem que a maior parte desse dinheiro venha na forma de doações e outros tipos de apoio financeiro acessível, já que os empréstimos baseados no mercado correm o risco de agravar a carga de suas dívidas.
A adoção do acordo ocorreu apesar das objeções da Índia, cujos delegados levantaram as mãos em uma tentativa de intervir e, quando o martelo caiu, subiram ao palco em uma tentativa fracassada de chamar a atenção.
Leena Nandan, secretária do Ministério do Meio Ambiente, Florestas e Mudanças Climáticas da Índia, considerou o acordo inadequado. "A meta é muito pequena, muito distante", disse ela, com seu discurso frequentemente pontuado por aplausos e vivas.
Ainda assim, para alguns, o resultado provavelmente servirá como prova de que o processo da COP ainda é a melhor abordagem para coordenar a ação global para enfrentar os desafios crescentes da mudança climática.
“A COP29 foi realizada em circunstâncias difíceis, mas o multilateralismo está vivo e mais necessário do que nunca”, Laurence Tubiana, diretor executivo da European Climate Foundation, um dos arquitetos do Acordo de Paris.
O novo acordo ajudará a informar os compromissos individuais dos países para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2035, bem como a próxima rodada de negociações climáticas da ONU no Brasil.
Muitas nações em desenvolvimento enfatizaram que a escala do financiamento climático disponível está diretamente ligada à rapidez com que elas podem construir energia livre de emissões e à ambição com que podem estabelecer metas de redução de carbono, que devem ser atingidas em fevereiro.
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